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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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RELIGIÃO

O'Brien, de Phoenix, fugiu após atropelar pedestre e encobriu casos de pedofilia

Bispo dos EUA renuncia após prisão

DA REDAÇÃO

O papa João Paulo 2º aceitou ontem o pedido de demissão do bispo americano Thomas O'Brien, de Phoenix (Arizona), preso na segunda-feira acusado de abandonar o local de um acidente de trânsito no qual um homem morreu. Ele estava ainda envolvido em caso de pedofilia.
A renúncia de O'Brien, 67, foi aceita prontamente pelo papa, o que não é comum. Decisão desse tipo costuma levar semanas ou meses.
Um breve comunicado do Vaticano, que não faz referência a nenhuma das acusações contra O'Brien, disse apenas que a renúncia foi aceita com base num artigo da lei canônica que diz que os bispos devem oferecer sua renúncia se estiverem incapacitados de cumprir suas obrigações por "doenças ou outra razão grave".
O'Brien foi libertado sob fiança de US$ 45 mil após ser indiciado, na segunda, por ter atropelado um pedestre em Phoenix e fugido sem prestar ajuda. O homem, de 43 anos, morreu. A polícia chegou a O'Brien graças ao testemunho de uma pessoa que memorizou parcialmente o número da placa de seu carro, encontrado posteriormente com o pára-brisa afundado no lado do passageiro.
A polícia estava investigando as atividades de O'Brien antes do acidente para tentar determinar se ele havia ingerido bebidas alcoólicas, o que pode levar a acusações mais graves.
A prisão de O'Brien foi recebida como uma bomba entre a comunidade católica de Phoenix. Duas semanas antes, o bispo havia feito um acordo judicial para livrá-lo de um processo por acobertar padres que cometeram abusos contra crianças.
O'Brien havia recebido imunidade em troca da admissão de que ele havia permitido que padres acusados de abusar sexualmente de crianças trabalhassem com menores de idade em outros postos sem comunicar os seus superiores ou a comunidade local.
O bispo vinha sendo pressionado a renunciar desde o acordo, que seguiu uma investigação de um ano envolvendo 45 padres e 25 funcionários da diocese.
Ativistas e vítimas de abusos cometidos por padres da diocese comemoraram a renúncia. "Isso é Deus que veio e disse que não gostava do acordo", disse Mark Kennedy, suposta vítima de abusos. "Você pode ser um completo ateu, mas tem que dizer que Deus veio a Phoenix. Não há outra maneira de ver isso", afirmou.


Com agências internacionais


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