São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2001

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CONTROVÉRSIA

Ex-embaixador é procurado pela Justiça

Japão concede cidadania a cunhado de Fujimori e agrava crise com Peru

DA REUTERS

O Japão anunciou ontem que tinha concedido cidadania japonesa a Victor Aritomi Shinto, que é casado com uma irmã do ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, numa medida que frustra a intenção de Lima de que ele seja extraditado e que agrava a crise diplomática entre os dois países.
Aritomi, 64, ex-embaixador peruano no Japão, corria o risco de ser preso no Peru, pois, no início deste mês, as autoridades peruanas emitiram um mandado de prisão contra ele. Aritomi é acusado de enriquecimento ilícito e de peculato. As autoridade peruanas haviam anunciado que planejavam pedir sua extradição ao governo japonês.
Em 22 de novembro passado, Fujimori foi afastado da Presidência pelo Congresso do Peru por "incapacidade moral", após ter anunciado, em Tóquio, sua renúncia. Desde então, Fujimori permanece no Japão. Tóquio confirmou que o ex-presidente tem nacionalidade japonesa por ter sido registrado pelos pais na Embaixada do Japão em Lima. O Peru pede que ele seja extraditado.
A nova situação de Aritomi agrava o impasse diplomático porque o Japão não extradita seus cidadãos. Além disso, não existe tratado de extradição entre os dois países.

Reação peruana
O governo do Peru exigiu que o embaixador do Japão no país explicasse por que Tóquio tinha concedido cidadania japonesa ao cunhado de Fujimori. A resposta do diplomata japonês às autoridades peruanas não foi divulgada.
"Trata-se de um mau sinal para o mundo todo que o Japão possa tornar-se um refúgio para fugitivos da Justiça", afirmou o ministro da Justiça do Peru, Diego García Sayan, que faz parte da administração interina que governa o país desde que Fujimori fugiu para o Japão por causa de um escândalo de corrupção.
"Essa decisão afeta os esforços internacionais de combate à corrupção", acrescentou García, que deixará o governo quando o presidente eleito do Peru, Alejandro Toledo, tomar posse, em 28 de julho próximo.
"O governo autoritário de Fujimori destruiu as instituições democráticas [do Peru". Isso teve um efeito terrível no Judiciário e na confiança da população nos tribunais", completou.



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