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Sindicatos prometem "verão de problemas"
DA REUTERS
Dois eventos ontem deixaram
clara a fragilidade das relações entre o premiê britânico, o trabalhista Tony Blair, e os sindicatos
que apoiaram o Partido Trabalhista por mais de um século.
Primeiro, funcionários do metrô pararam por 24 horas em Londres em protesto contra planos de
privatizar partes do serviço.
Funcionários públicos municipais já haviam cruzado os braços
por salários mais altos nesta semana, deixando escolas fechadas
e lixo nas ruas, na primeira greve
nacional em mais de 20 anos.
Blair sofreu outro golpe ontem
quando um de seus poucos aliados firmes entre os sindicalistas
-sir Ken Jackson, líder do Amicus, o segundo maior sindicato
britânico- perdeu a eleição para
o esquerdista Derek Simpson.
Jackson contestou o resultado,
alegando irregularidades na votação. Uma reunião da executiva do
sindicato para decidir sobre a
convocação de novas eleições foi
interrompida por falta de quórum após simpatizantes de Jackson deixarem o local em protesto.
Mas Simpson disse que outra votação estava "fora de questão".
O Amicus é a mais recente inclusão na lista de sindicatos que
têm optado por uma liderança
mais agressiva. A greve de ontem
no metrô londrino foi liderada
pelo linha-dura Bob Crow, que já
havia retirado o financiamento do
sindicato ao Partido Trabalhista.
Líderes sindicais estão prometendo um "verão de problemas"
-uma analogia ao "inverno do
descontentamento" de 1979,
quando um quarto da força de
trabalho entrou em greve e o governo trabalhista saiu do poder,
para onde não voltou por 18 anos.
A comunidade de empresários,
que Blair corteja tão assiduamente, está nervosa. "A militância vai
se tornar mais intensa, sem dúvida", disse Rith Lea, chefe de políticas do Instituto de Diretores.
John Edmonds, líder do sindicato GMB, que se classifica como
um crítico construtivo de Blair,
concorda. "Nos últimos dois
anos, todo sindicalista que ganhou uma grande eleição obteve a
vitória expressando reservas sobre o chamado "novo trabalhismo" ", afirmou. "É parte de uma
tendência, e o governo deveria estar muito preocupado."
Uma teoria circulando em
Westminster é a de que Blair está
tentando iniciar uma briga para
que possa se livrar de seu passado
e romper seus laços com os sindicatos de uma vez por todas.
Segundo fontes no partido, isso
não é verdade. Afinal, os sindicatos ainda são responsáveis pela
maior parte das receitas dos trabalhistas. E os cofres do partido já
estão bem vazios.
E mesmo Blair, que reinventou
o Partido Trabalhista para que tivesse mais apelo entre o tradicionalmente conservador centro da
Inglaterra, temeria alienar milhões de eleitores em potencial
que são filiados a sindicatos.
Blair não pode ignorar os sindicatos, mas os dias em que eles discutiam a política do governo com cerveja e sanduíches em Downing Street estão distantes.
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