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ALEMANHA
Chanceler, que está atrás nas pesquisas eleitorais, enfrenta escândalo político 2 meses antes do pleito legislativo
Schröder demite ministro da Defesa para estancar crise
TONY PATERSON
DO "THE INDEPENDENT", EM BERLIM
O chanceler (premiê) alemão,
Gerhard Schröder, anunciou ontem a destituição de seu ministro
da Defesa, Rudolf Scharping, 54,
em meio à chuva de acusações de
que ele recebera dezenas de milhares de dólares de uma empresa
de relações públicas que representa fabricantes de armas.
Num caso que foi visto como
um grande revés para os social-democratas, pois ocorreu pouco
mais de dois meses antes da eleição legislativa, Schröder foi forçado a anunciar a demissão de
Scharping menos de 24 horas
após o início do escândalo. Ele se
tornou o nono ministro demitido
desde que Schröder chegou ao
poder, no final de 1998.
"A base necessária para que haja cooperação e confiança no governo não existe mais. Pedi ao
presidente alemão [Johannes
Rau" que dispense o ministro da
Defesa", declarou Schröder após
interromper uma visita ao festival
de música de Bayreuth para tratar
da crise governamental.
Textos publicados anteontem
pela revista alemã "Stern" afirmam que Scharping recebeu o
equivalente a mais de US$ 70 mil
da empresa de relações públicas
Hunzinger -que representa fabricantes de armas- como pagamento por palestras dadas.
A "Stern" sustenta que cerca de
US$ 30 mil foram recebidos por
Scharping quando ele já era ministro da Defesa do país. Isso seria
uma violação à lei alemã, já que
ela proíbe que os ministros recebam qualquer tipo de pagamento
além do salário.
A revista também publicou fotografias de recibos de um dos alfaiates mais caros de Frankfurt.
Segundo a "Stern", a Hunzinger
pode ter dado mais de US$ 25 mil
a Scharping para pagar ternos,
paletós e camisas. "Isso enfureceu
muitos membros do partido",
afirmou um assessor dos social-democratas alemães.
Irritado, Scharping refutou as
acusações. "Os textos da "Stern"
têm todas as características de
uma campanha especificamente
direcionada contra mim. Deixo o
governo de cabeça erguida e farei
tudo o que puder para limpar
meu nome", afirmou Scharping.
Os democrata-cristãos, que lideram as pesquisas relacionadas
ao pleito de setembro, quase não
conseguiram esconder sua alegria
com a destituição do ministro da
Defesa. "Percebemos que o governo atravessa um processo de decomposição. Se Scharping tivesse
um pouco de coragem, já teria renunciado há muito tempo", declarou Edmund Stoiber, candidato a chanceler contra Schröder.
Scharping já tivera seu nome
envolvido em outros escândalos
anteriormente. No ano passado,
por exemplo, quase perdeu seu
posto após concordar em ser fotografado nadando nu com sua namorada em Mallorca (Espanha).
Ele foi candidato a chanceler em
1994, mas foi derrotado pelo democrata-cristão Helmut Kohl.
Sua carreira política ganhou novo
alento quando ele foi indicado para o Ministério da Defesa. Seu
substituto será Peter Struck, líder
social-democrata no Parlamento.
Com agências internacionais
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