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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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"EIXO DO MAL"

Para agência da ONU, Coréia é "ameaça maior"

Amostras do Irã teriam urânio enriquecido, dizem diplomatas

DA REDAÇÃO

Inspetores das Nações Unidas encontraram urânio enriquecido em amostras ambientais tomadas no Irã, o que poderia significar que o país vem enriquecendo urânio sem informar a agência nuclear da ONU, disseram ontem fontes diplomáticas que pediram anonimato.
Segundo os diplomatas, análises iniciais mostraram níveis de enriquecimento possivelmente compatíveis com uma tentativa de fazer materiais para armas e alto o suficiente para preocupar a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU).
O Irã disse não ter sido informado sobre o caso. "A AIEA não disse nada ao Irã sobre o assunto", disse Khalil Mousavi, porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica. "Assim que a agência tomar uma posição sobre isso, anunciaremos a nossa posição."
Se for comprovado que o Irã enriqueceu urânio sem declarar à AIEA, isso deve aumentar as suspeitas americanas de que as ambições nucleares de Teerã vão além de seu objetivo declarado de usar a energia nuclear para gerar eletricidade. O país, rico em petróleo e gás, foi incluído no ano passado pelo presidente dos EUA, George W. Bush, no chamado "eixo do mal" -ao lado da Coréia do Norte e do Iraque pré-guerra- de países que estariam desenvolvendo e disseminando armas de destruição em massa e apoiando grupos terroristas.
Mas os diplomatas dizem que a mera presença de urânio enriquecido nas amostras não é uma prova definitiva de que o próprio Irã realizou o enriquecimento. Outra possibilidade seria contaminação, mas a AIEA teria que explicar como isso poderia ter acontecido.
O chefe da AIEA, o egípcio Mohamed El Baradei, não quis comentar ontem as declarações dos diplomatas. "Qualquer relato da mídia sobre resultados de amostras é pura especulação", disse.
A porta-voz da AIEA Melissa Fleming disse que os resultados iniciais estavam sendo revistos pela agência e que mais amostras seriam tomadas nas próximas semanas. "Somente a AIEA estará em condições de julgar o significado dos resultados da análise. Ainda estamos no meio de um complexo processo de inspeção no Irã, no qual estamos investigando um número de questões não resolvidas", disse.
O Irã diz não ter interesse em construir armas nucleares, como os EUA acusam, mas resiste aos pedidos internacionais para aceitar inspeções mais rigorosas sobre o seu programa nuclear.
El Baradei disse ao conselho da AIEA esperar que o Irã aceite um regime de inspeções mais rigorosas para prover garantias de que seu programa nuclear é pacífico.
"Eu devo divulgar nossas atividades de verificação no Irã ao conselho em setembro e espero que um progresso considerável no esclarecimento de muitas das questões pendentes tenha sido feito até lá", disse ele.

Coréia do Norte
El Baradei disse que a Coréia do Norte é "a ameaça mais séria" à proliferação nuclear. Ele afirmou estar preocupado com as últimas informações de que o país estaria reprocessando varetas de combustível nuclear que estavam antes sob supervisão da AIEA.
"Não estamos lá [na Coréia do Norte]", disse El Baradei. "Gostaríamos de estar."
A Coréia do Norte anunciou na semana passada ter terminado de extrair plutônio -ingrediente-chave para armas nucleares- de cerca de 8.000 varetas usadas de combustível nuclear. El Baradei pediu mais esforços internacionais para pressionar os norte-coreanos a honrar os tratados de não-proliferação nuclear.


Com agências internacionais


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