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"EIXO DO MAL"
Para agência da ONU, Coréia é "ameaça maior"
Amostras do Irã teriam urânio enriquecido, dizem diplomatas
DA REDAÇÃO
Inspetores das Nações Unidas
encontraram urânio enriquecido
em amostras ambientais tomadas
no Irã, o que poderia significar
que o país vem enriquecendo urânio sem informar a agência nuclear da ONU, disseram ontem
fontes diplomáticas que pediram
anonimato.
Segundo os diplomatas, análises iniciais mostraram níveis de
enriquecimento possivelmente
compatíveis com uma tentativa
de fazer materiais para armas e alto o suficiente para preocupar a
AIEA (Agência Internacional de
Energia Atômica, da ONU).
O Irã disse não ter sido informado sobre o caso. "A AIEA não disse nada ao Irã sobre o assunto",
disse Khalil Mousavi, porta-voz
da Organização Iraniana de Energia Atômica. "Assim que a agência tomar uma posição sobre isso,
anunciaremos a nossa posição."
Se for comprovado que o Irã
enriqueceu urânio sem declarar à
AIEA, isso deve aumentar as suspeitas americanas de que as ambições nucleares de Teerã vão além
de seu objetivo declarado de usar
a energia nuclear para gerar eletricidade. O país, rico em petróleo e
gás, foi incluído no ano passado
pelo presidente dos EUA, George
W. Bush, no chamado "eixo do
mal" -ao lado da Coréia do Norte e do Iraque pré-guerra- de
países que estariam desenvolvendo e disseminando armas de destruição em massa e apoiando grupos terroristas.
Mas os diplomatas dizem que a
mera presença de urânio enriquecido nas amostras não é uma prova definitiva de que o próprio Irã
realizou o enriquecimento. Outra
possibilidade seria contaminação,
mas a AIEA teria que explicar como isso poderia ter acontecido.
O chefe da AIEA, o egípcio Mohamed El Baradei, não quis comentar ontem as declarações dos
diplomatas. "Qualquer relato da
mídia sobre resultados de amostras é pura especulação", disse.
A porta-voz da AIEA Melissa
Fleming disse que os resultados
iniciais estavam sendo revistos
pela agência e que mais amostras
seriam tomadas nas próximas semanas. "Somente a AIEA estará
em condições de julgar o significado dos resultados da análise.
Ainda estamos no meio de um
complexo processo de inspeção
no Irã, no qual estamos investigando um número de questões
não resolvidas", disse.
O Irã diz não ter interesse em
construir armas nucleares, como
os EUA acusam, mas resiste aos
pedidos internacionais para aceitar inspeções mais rigorosas sobre o seu programa nuclear.
El Baradei disse ao conselho da
AIEA esperar que o Irã aceite um
regime de inspeções mais rigorosas para prover garantias de que
seu programa nuclear é pacífico.
"Eu devo divulgar nossas atividades de verificação no Irã ao
conselho em setembro e espero
que um progresso considerável
no esclarecimento de muitas das
questões pendentes tenha sido
feito até lá", disse ele.
Coréia do Norte
El Baradei disse que a Coréia do
Norte é "a ameaça mais séria" à
proliferação nuclear. Ele afirmou
estar preocupado com as últimas
informações de que o país estaria
reprocessando varetas de combustível nuclear que estavam antes sob supervisão da AIEA.
"Não estamos lá [na Coréia do
Norte]", disse El Baradei. "Gostaríamos de estar."
A Coréia do Norte anunciou na
semana passada ter terminado de
extrair plutônio -ingrediente-chave para armas nucleares- de
cerca de 8.000 varetas usadas de
combustível nuclear. El Baradei
pediu mais esforços internacionais para pressionar os norte-coreanos a honrar os tratados de
não-proliferação nuclear.
Com agências internacionais
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