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EUA
Eventos comemoram os 150 anos do mais famoso parque público do mundo, recuperado da decadência de até 20 anos atrás
NY esquece crise para festejar o Central Park
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Nova York esquece hoje os
atentados, o alto desemprego, o
prefeito mal-amado e as disputas
pela reconstrução do World Trade Center para festejar os 150 anos
do mais famoso parque público
do mundo: o Central Park.
Com diversos eventos ao longo
do dia, os nova-iorquinos comemoram no aniversário de hoje a
recuperação de sua "vitrine"
-que duas décadas atrás simbolizava a decadência e os altos índices de violência da cidade.
O atual Central Park é também
uma vitória de um novo modelo
de administração de espaços públicos: as melhorias do parque foram lideradas por uma instituição
privada sem fins lucrativos, que
recebeu da prefeitura o direito de
tomar conta do lugar.
Criado em 1853, o parque foi
construído após uma concorrência que escolheu o projeto de Frederick Olmsted e Calvert Vaux.
Só que, no início do século passado, após a morte de seus criadores, o parque conheceu longo período de abandono. A situação só
foi revertida quando Robert Moses, um dos maiores transformadores urbanos da história de Nova York, assumiu o comando dos
parques da cidade.
Moses arrecadou fundos onde
pôde. Aproveitou o "New Deal"
para angariar recursos federais e
conseguiu ajuda de nova-iorquinos ricos para construir estátuas
como a da Alice no País das Maravilhas, um dos mais famosos pontos do parque. Quando ele saiu de
cena, porém, as coisas voltaram a
piorar, e o parque, assim como toda a cidade, entrou em novo período de declínio durante os anos
60 e 70.
Em 1980, foi criada a Central
Park Conservancy, hoje responsável pela administração do parque. Se a década de 80 ainda foi
marcada por casos famosos de
violência -o mais conhecido deles o de uma mulher, chamada de
"Central Park Jogger", estuprada
e quase morta em 1989-, a situação foi mudando.
Há cinco anos, a prefeitura nova-iorquina formalizou a entrega
do comando do parque à instituição com um novo acordo: a Central Park Conservancy recebe um
pagamento por seus serviços, mas
o valor é proporcional ao dinheiro que a instituição conseguir arrecadar de fontes privadas.
São gastos anualmente US$ 20
milhões para cuidar dos 341 hectares do parque, que é um dos
maiores do mundo -tem o dobro do tamanho do parque do Ibirapuera, que completa seu cinquentenário no ano que vem.
Durante sua última recuperação, o Central Park se tornou o
símbolo da melhora nas estatísticas de segurança da cidade. O total de crimes diminuiu 82% em
dez anos, e o número segue caindo mais rapidamente do que a
média dos distritos. A área do
parque é hoje a mais segura de
Nova York: neste ano, até aqui, teve 40 crimes (no segundo melhor
distrito, houve 170).
Visitado por 25 milhões de pessoas por ano, o parque ainda tem
seus problemas, como a passagem de carros pelo local, motivo
de protestos diários. Há vias rebaixadas que cruzam o parque e
permitem o trânsito em qualquer
momento, mas os principais problemas acontecem quando as
ruas "normais" são abertas aos
veículos, nos momentos de rush.
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