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Antes de partir para o Haiti, tropa
treina ação em favela capixaba
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MARATAÍZES (ES)
O acirramento da violência em
Porto Príncipe e o furacão que devastou parte do Haiti levaram a
Marinha a reformular parte do
treinamentos da tropa de fuzileiros navais que enviará à missão de
paz da ONU em dezembro.
Com base em informações de
fuzileiros que estão no Haiti desde
o primeiro semestre, a Marinha
decidiu priorizar ações de rua e
atendimento humanitário.
Assim, dois pelotões do Corpo
de Fuzileiros Navais ficaram ontem por três horas num bairro pobre de Marataízes (a 120 km de
Vitória) e simularam as ações que
serão feitas no Haiti, onde o Brasil
lidera a tropa de paz da ONU.
A Marinha achou no bairro de
Pontal condições urbanas e geográficas semelhantes às das áreas
mais pobres da capital haitiana,
Porto Príncipe, onde as forças locais e estrangeiras enfrentam grupos rebeldes e paramilitares.
Cerca de 400 fuzileiros estão
desde o último dia 13 acampados
na praia de Itaoca (município de
Itapemirim, vizinho a Marataízes), aprendendo sobre o Haiti, simulando situações que poderão
ser enfrentadas lá e recebendo
treinamento para a tarefa. Em dezembro, 246 deles substituirão os
colegas enviados ao Haiti.
A ação no Pontal ocorreu de
manhã, com dois pelotões, cada
um com cerca de 30 fuzileiros.
Havia caminhões, jipes e um helicóptero. O Pontal é uma área plana, com ruas estreitas e pavimentação precária. Segundo o Censo
2000, vivem na cidade 30.225 pessoas. Não há estimativa sobre a
população do Pontal.
A primeira parte da ação simulou a escolta de uma autoridade
pelos fuzileiros navais, representantes da Marinha brasileira na
força de paz da ONU. Uma das tarefas dos militares do Brasil no
Haiti é proteger autoridades.
Cercado por fuzileiros armados
com fuzis e protegidos por escudos, o sargento Siqueira, que
atuou como dublê na simulação,
circulou pelas vielas e cumprimentou pessoas, todas muito surpresas com a presença dos militares. O que o diferenciava dos demais fuzileiros era a gravata em
tom amarelo ao redor do pescoço.
Um helicóptero da Marinha sobrevoou o bairro durante toda a
operação, dando proteção ao
comboio encarregado de proteger
a "autoridade", que foi levada até
o capitão-de-mar-e-guerra Oswaldo Queiroz de Castro, comandante do Grupamento Operativo
dos Fuzileiros Navais Haiti 2, formado para a missão no Caribe.
A conversa entre eles teve a intermediação de um intérprete,
também fuzileiro. Eles simularam
um diálogo que misturava palavras em português, francês e francês crioulo, idioma haitiano.
A segunda parte consistiu no
patrulhamento do bairro, por tropas motorizadas e a pé. Sem saber
que era uma simulação, os moradores corriam para dentro das casas, com medo de um tiroteio.
As simulações no litoral capixaba continuam até amanhã.
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