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Anúncio foi feito após visita de general dos EUA
DA REDAÇÃO
Coincidência ou não, o anúncio
do cancelamento da compra dos
aviões Tucano, da Embraer, pela
Força Aérea Colombiana (FAC),
anteontem, aconteceu após a visita a Bogotá do general William T.
Hobbins, chefe da 12ª Divisão de
Aviação da Força Aérea do Comando Sul dos EUA.
Na semana passada, a própria
ministra da Defesa da Colômbia,
Marta Lucía Ramírez, apesar de
negar uma intromissão dos EUA
no caso, disse que a presença do
general daria ao governo "melhores elementos técnicos para decidir se compram esses aviões [os
Tucanos] ou se reformam [os antigos aviões em uso pela FAC]".
A ministra disse que a carta que
havia recebido do general James
T. Hill, chefe do Comando Sul dos
EUA, recomendando a revisão da
compra dos aviões, não significava uma ingerência externa.
O Departamento de Estado dos
EUA, no início da semana passada, também negou ter feito pressão, alegando que a correspondência era apenas uma troca natural de informações que os EUA
costumam fazer "com seus aliados, entre eles a Colômbia".
Apesar de todos os demais ingredientes envolvidos no caso,
como denúncias de lobbies cruzados pelos interessados na venda
dos aviões e disputas entre militares e civis no governo, tudo indica
que a posição dos EUA tenha sido
determinante para a desistência.
Desde o anúncio do Plano Colômbia, de combate ao narcotráfico, em 1999, pelo então presidente
Andrés Pastrana, a influência
americana no país só faz crescer.
Os EUA são os principais financiadores do plano, com mais de
US$ 1,3 bilhão.
A crescente participação americana na região provoca temores
entre os vizinhos da Colômbia.
Esses países temem que a presença dos EUA possa se tornar permanente e que ela estimule a intensificação do conflito, com possíveis reflexos nas fronteiras.
Além disso, a influência dos
EUA na Colômbia fere as aspirações brasileiras de exercer um papel maior de liderança regional. O
governo brasileiro mantém posição crítica em relação ao Plano
Colômbia, temendo que ele permita uma ingerência militar dos
EUA na região.
Relação privilegiada
O atual presidente colombiano,
Álvaro Uribe, foi eleito em maio,
já no primeiro turno, com um discurso que privilegiava a relação
com os americanos. Antes mesmo da posse do novo governo, em
agosto, Marta Lucía Ramírez
anunciou um projeto para o aumento do efetivo das Forças Armadas colombianas, seguindo
uma recomendação feita na véspera pela embaixadora dos EUA
em Bogotá, Anne Patterson.
Na mesma época, o governo
americano aprovou a utilização
dos recursos do Plano Colômbia
para o combate às guerrilhas esquerdistas e aos paramilitares de
direita. Anteriormente, o uso desses recursos estava limitado, por
lei, ao combate específico ao narcotráfico.
Desde o início do ano, os EUA já
aprovaram uma ajuda excedente
de quase US$ 100 milhões à Colômbia para a proteção de cerca
de 300 pontos estratégicos para os
EUA dentro do país, entre eles o
oleoduto Caño Limón-Coveñas,
administrado pela multinacional
americana Oxy.
Em janeiro, devem desembarcar na Colômbia cem soldados
dos EUA para treinar militares
colombianos para a proteção do
oleoduto, dinamitado quase mil
vezes pelos rebeldes desde sua
inauguração, em 1986.
Em entrevista à Folha, há duas
semanas, o analista político Alfredo Rangel, ex-consultor do Ministério da Defesa, afirmou que a
tendência é um aumento na presença americana na Colômbia.
"O governo americano já vinha
demonstrando um interesse crescente em apoiar a luta contra a
guerrilha, com cuidado especial
para a infra-estrutura do país, alvo frequente dos rebeldes", disse.
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