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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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Comando militar testa estratégia de retirada

DEXTER FILKINS
DO "NEW YORK TIMES"

O comando militar americano está se preparando para retirar suas tropas de Ramadi, cidade que tem oferecido bastante resistência, e entregar a administração a iraquianos. Se bem-sucedida, a experiência pode alterar o curso da ocupação da coalizão anglo-americana no Iraque.
O comandante da 82ª Divisão Aerotransportada, general Charles Swannack Jr., disse em entrevista na semana passada que os soldados estacionados em Ramadi podem ser removidos em janeiro ou fevereiro.
Segundo oficiais das Forças Armadas, há cerca de 18 mil soldados servindo na Província de Anbar, incluindo os milhares que estão em Ramadi.
Caso o plano dê certo, irá representar uma importante mudança nos esforços americanos de pacificar áreas dominadas pelos sunitas, os maiores beneficiados pelo regime de Saddam Hussein.

Presença na periferia
Swannack disse que suas tropas iriam para a retaguarda, fora da cidade, deixando as tarefas de manutenção da segurança para os 1.600 membros da polícia iraquiana, mas ficando de prontidão para ajudar, se preciso.
Os soldados americanos já estão fazendo patrulhas conjuntas com a polícia local, como forma de treiná-la.
Ramadi, a capital da Província, tem cerca de 250 mil habitantes e foi um centro de resistência armada contra a ocupação americana. Localizada a cerca de 130 km a oeste de Bagdá, fica no centro da região conhecida como Triângulo Sunita, onde acontece a maior parte dos ataques contra os americanos.
A questão em aberto em Ramadi é como as forças iraquianas, montadas e treinadas por americanos, às vezes de forma bastante apressada, vão desempenhar suas funções.
Alguns agrupamentos em Anbar não estão devidamente equipados com armas e rádios. Muitos dos 4.000 policiais iraquianos da Província não fizeram o curso de treinamento americano, segundo disseram algumas fontes militares.
Comandantes americanos e britânicos já fizeram retiradas similares, mas todas em cidades dominadas por curdos, xiitas e cristãos, grupos que foram bastante receptivos à ocupação.

Centenas de ataques
A violência tem aumentado na Província. Em setembro, soldados americanos foram atacados 340 vezes em Anbar. Em outubro, foram 450 ataques.
Mas o general Swannack sustenta que os americanos estão fazendo progressos constantes em Ramadi, tanto no que diz respeito ao treinamento das forças iraquianas como na conquista do apoio da população.
"A percepção de que os iraquianos não desejam assumir o seu próprio destino é totalmente errada. Os sunitas desta área querem controlar suas vidas. Nós apenas precisamos fornecer os meios", afirmou o general.


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