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AMÉRICA LATINA
Americanos mudam seu discurso em reunião com Brasil, Argentina e Paraguai sobre segurança na região
Agora, EUA descartam terror na Tríplice Fronteira
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PUERTO IGUAZÚ
Um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA disse
ontem, pela primeira vez, que não
há indícios de células terroristas
na Tríplice Fronteira, região entre
Brasil, Argentina e Paraguai. Afirmou também que Washington
vai intensificar a cooperação com
os governos dos três países para
buscar eventuais financiadores do
terrorismo internacional na área.
Essa mudança de posição foi o
principal saldo de uma reunião
ontem em Puerto Iguazú (Argentina) entre representantes do Comando Tripartite da Tríplice
Fronteira, órgão executivo para
questões da região, e uma delegação americana.
""Não há indícios concretos da
presença terrorista", afirmou o
coordenador de Contraterrorismo do Departamento de Estado
dos EUA, J. Cofer Black. Ele reafirmou a necessidade de investigar o financiamento do terror,
"que deve ser hoje uma preocupação global".
Roteiro de lua-de-mel
Diplomático, Black disse que
iria recomendar as cataratas do
Iguaçu como roteiro de lua-de-mel para seu filho, em uma prova
"de que a foto das cataratas encontrada com terroristas da Al
Qaeda foi apenas coincidência".
Foi uma referência a uma reportagem da TV americana CNN, em
novembro de 2001, segundo a
qual haveria vínculo entre a Al
Qaeda e a comunidade muçulmana de Foz do Iguaçu (PR). A reportagem se baseou numa suposta fotografia das cataratas achada
num prédio da Al Qaeda em Cabul, durante a ofensiva dos EUA
no Afeganistão.
Depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, Washington
também adotou essa suspeita em
seu discurso, alimentado pelo fato
de haver uma grande comunidade árabe na região e que alguns
comerciantes comprovadamente
mandam dinheiro para o Hizbollah, grupo guerrilheiro e partido
político libanês classificado como
terrorista pelos EUA.
"Atos ilícitos"
O embaixador Antonino Lisboa
Mena Gonçalves, chefe do Departamento das Américas do Itamaraty, disse que a reunião serviu
para comprovar que "não há indícios de células ativas ou adormecidas na Tríplice Fronteira". Ele
afirmou que é necessária vigilância, "pois o terrorismo é uma
ameaça global e pode se apresentar em qualquer lugar do mundo".
"A experiência americana nos
ensinou que temos de ir aos terroristas onde eles estão, e eles [os
terroristas" têm procurado os lugares onde se sentem seguros",
disse Black.
Ele disse esperar um aumento
do intercâmbio entre os três países e os EUA. "Nós estamos determinados a evitar o envio do apoio
financeiro ao terrorismo, e isso
deve ser uma determinação de todos nós", afirmou.
"Pode haver riscos de que sejam
feitos aportes financeiros com essa intenção [de financiar o terror"", disse Gonçalves.
O embaixador Marcelo Huergo,
chefe da delegação argentina, disse que não se pode ignorar a possibilidade "de existir financiadores de atos ilícitos na região". O
representante paraguaio, Cabello
Sarubb, não quis dar declarações.
O diretor da Polícia Federal em
Foz do Iguaçu, Joaquim Mesquita, que preside o Comando Tripartite neste ano, disse que o mais
importante na presença da delegação americana "é que houve
uma mudança de conduta dos
EUA para a região".
A delegação americana e seus
hóspedes visitaram também Ciudad del Este (Paraguai) e Foz do
Iguaçu, cidades que integram o
centro da região com Puerto
Iguazú.
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