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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

País pode evitar guerra, dizem chefes das inspeções da ONU; dia 27 inaugura "última fase" da crise, afirmam os EUA

Inspetores da ONU vêem progresso em Bagdá

DA REDAÇÃO

Os chefes dos inspetores da ONU afirmaram ontem, em visita a Bagdá, que está havendo progressos nas inspeções e que uma guerra contra o Iraque não é inevitável. Os EUA indicaram que o dia 27 de janeiro marcará o início da última fase da crise iraquiana.
"Estamos tendo encontros positivos e construtivos. Temos mais algumas reuniões amanhã", disse o diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o egípcio Mohamed ElBaradei.
Segundo ele, "ainda há questões específicas a serem feitas e creio que eles têm se mostrado responsáveis em algumas áreas. Espero que nos próximos dias ou semanas tenhamos resultados".
ElBaradei viajou a Bagdá, onde permanece até hoje, acompanhado do sueco Hans Blix, chefe dos inspetores da ONU. Eles se reuniram ontem por duas horas e meia com autoridades iraquianas.
"No encontro de hoje, tentamos mostrar a eles que o tempo está se esgotando e que é preciso adotar uma postura pragmática e ativa diante da resolução. E sinto que eles entenderam a mensagem", afirmou ElBaradei.
Blix acrescentou que o Iraque tem o poder de evitar uma guerra. "Não acho que a guerra seja inevitável. Acreditamos que o processo de inspeções que conduzimos é a alternativa pacífica e exige uma cooperação ativa do Iraque."
Uma porta-voz de ElBaradei disse que, nos dois dias de visita a Bagdá, os chefes dos inspetores deram a seguinte mensagem às autoridades iraquianas: "Queremos provas de que as armas foram destruídas e de que não foram produzidas outras. O Iraque precisa provar isso".
Entre os progressos citados pelos dois inspetores está a admissão pelos iraquianos de que mais quatro ogivas químicas vazias foram encontradas, similares às 11 descobertas por uma equipe da ONU na quinta-feira.

Estados Unidos
O relatório que os inspetores da ONU apresentarão ao Conselho de Segurança no dia 27 "marca o início da última etapa" da crise no Iraque, disse ontem Condoleezza Rice, assessora de segurança nacional do presidente americano, George W. Bush.
Segundo Rice, o tempo para o Iraque acatar as decisões do Conselho de Segurança está se esgotando e "certamente o dia 27 de janeiro é uma data importante".
"Não é um prazo, mas é uma data importante. Provavelmente marca o início da última fase."
O ditador Saddam Hussein, de acordo com Rice, tenta dividir o Conselho de Segurança e enganar os inspetores. Desde o início das inspeções, "Bagdá tem mostrado a mesma tendência de falsidade e não-cooperação. Não podemos permitir que Saddam continue nos enganando". Para Rice, "não devemos esperar muito mais tempo para saber se ele optou por enganar em vez de se desarmar".

Protestos e ataques
Uma série de protestos aconteceu durante o fim de semana em Tóquio, Cairo, Paris, San Francisco e Washington contra uma possível guerra.
A maior delas aconteceu na capital americana, que reuniu entre 30 mil e 50 mil pessoas. Diante da Casa Branca, se reuniram mil pessoas e 16 foram presas. Muitos manifestantes carregavam cartazes fazendo alusões de que o motivo da guerra seria o petróleo.
No Iraque, caças americanos e britânicos voltaram a bombardear a zona de exclusão aérea no sul do país. Oito centros de comunicação foram atingidos.


Com agências internacionais


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