São Paulo, sexta-feira, 20 de março de 2009

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Opositor tem prisão pedida na Venezuela

Ministério Público acusa Manuel Rosales, ex-candidato a presidente contra Chávez, de enriquecimento ilícito

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O Ministério Público venezuelano pediu ontem à Justiça a detenção do ex-candidato presidencial Manuel Rosales, prefeito de Maracaibo e um dos principais líderes da oposição. Ameaçado publicamente de prisão pelo presidente Hugo Chávez, ele é acusado de enriquecimento ilícito quando era governador de Zulia (2000-8).
Em entrevista coletiva, a promotora Katiuska Plaza afirmou que o próximo passo será a convocação de Rosales e do Ministério Público pelo Tribunal Sexto, em Maracaibo, dentro de um prazo de 10 a 20 dias, quando o pedido de prisão deverá ser decidido. Caso Rosales seja condenado ao final do processo, a pena varia de três a dez anos de reclusão.
Segundo Plaza, o pedido se baseia em 26 processos por enriquecimento ilícito contra Rosales, acusado formalmente pelo Ministério Público em dezembro, sob a alegação de que não soube explicar seus rendimentos entre 2002 e 2004.
"Todos sabemos que é uma ordem de Chávez", reagiu Rosales, que nega as acusações. "Todos sabemos que os Poderes na Venezuela não funcionam. Todos estão curvados à atitude militarista e à margem da Constituição de Chávez."
"O povo vai se levantar porque não podemos nos calar diante dos que violam a Constituição", afirmou Rosales a um batalhão de jornalistas, em Maracaibo. Hoje, o líder oposicionista encabeçará uma manifestação na cidade contra as recentes transferências ao governo federal de organismos e atribuições de Estados oposicionistas. Devem participar do ato 4 dos 5 governadores que fazem oposição ao chavismo.
Ex-governador do Estado mais rico do país e eleito em novembro prefeito da segunda maior cidade, Rosales, 56, foi o candidato a presidente da oposição em 2006, quando obteve 37% dos votos válidos.
Durante a campanha no ano passado, Rosales foi um dos principais alvos de Chávez, que o chamou de "mafioso" e o acusou de planejar assassiná-lo. "Já basta, vou prender Manuel Rosales, ele vai terminar preso", disse, durante ato de campanha em 25 de outubro.
Apesar da intensa presença do presidente na campanha em Zulia, Rosales conseguiu se eleger em Maracaibo, que estava sob administração chavista, e fez o seu sucessor em Zulia.
Desde a derrota do presidente no referendo sobre a reforma constitucional, em 2007, a oposição vem sendo alvo de medidas e decisões desfavoráveis vindas do próprio governo ou de instituições controladas por Chávez. No ano passado, dezenas de pré-candidatos oposicionistas foram declarados inelegíveis pela Controladoria Geral por acusações de corrupção, apesar de nenhum deles ter sido condenado em última instância, conforme prevê a Constituição para casos de perda dos direitos políticos.


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