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Opositor tem prisão pedida na Venezuela
Ministério Público acusa Manuel Rosales, ex-candidato a presidente contra Chávez, de enriquecimento ilícito
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O Ministério Público venezuelano pediu ontem à Justiça
a detenção do ex-candidato
presidencial Manuel Rosales,
prefeito de Maracaibo e um dos
principais líderes da oposição.
Ameaçado publicamente de
prisão pelo presidente Hugo
Chávez, ele é acusado de enriquecimento ilícito quando era
governador de Zulia (2000-8).
Em entrevista coletiva, a promotora Katiuska Plaza afirmou
que o próximo passo será a convocação de Rosales e do Ministério Público pelo Tribunal
Sexto, em Maracaibo, dentro
de um prazo de 10 a 20 dias,
quando o pedido de prisão deverá ser decidido. Caso Rosales
seja condenado ao final do processo, a pena varia de três a dez
anos de reclusão.
Segundo Plaza, o pedido se
baseia em 26 processos por
enriquecimento ilícito contra
Rosales, acusado formalmente
pelo Ministério Público em dezembro, sob a alegação de que
não soube explicar seus rendimentos entre 2002 e 2004.
"Todos sabemos que é uma
ordem de Chávez", reagiu Rosales, que nega as acusações.
"Todos sabemos que os Poderes na Venezuela não funcionam. Todos estão curvados à
atitude militarista e à margem
da Constituição de Chávez."
"O povo vai se levantar porque não podemos nos calar
diante dos que violam a Constituição", afirmou Rosales a um
batalhão de jornalistas, em Maracaibo. Hoje, o líder oposicionista encabeçará uma manifestação na cidade contra as recentes transferências ao governo federal de organismos e atribuições de Estados oposicionistas. Devem participar do ato
4 dos 5 governadores que fazem oposição ao chavismo.
Ex-governador do Estado
mais rico do país e eleito em novembro prefeito da segunda
maior cidade, Rosales, 56, foi o
candidato a presidente da oposição em 2006, quando obteve
37% dos votos válidos.
Durante a campanha no ano
passado, Rosales foi um dos
principais alvos de Chávez, que
o chamou de "mafioso" e o acusou de planejar assassiná-lo.
"Já basta, vou prender Manuel
Rosales, ele vai terminar preso", disse, durante ato de campanha em 25 de outubro.
Apesar da intensa presença
do presidente na campanha em
Zulia, Rosales conseguiu se eleger em Maracaibo, que estava
sob administração chavista, e
fez o seu sucessor em Zulia.
Desde a derrota do presidente no referendo sobre a reforma
constitucional, em 2007, a oposição vem sendo alvo de medidas e decisões desfavoráveis
vindas do próprio governo ou
de instituições controladas por
Chávez. No ano passado, dezenas de pré-candidatos oposicionistas foram declarados inelegíveis pela Controladoria Geral por acusações de corrupção,
apesar de nenhum deles ter sido condenado em última instância, conforme prevê a Constituição para casos de perda dos
direitos políticos.
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