São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Na Síria, líder pede união de árabes e muçulmanos contra os 2 países

Hamas pede luta contra EUA e Israel

DA REDAÇÃO

O chefe das ações políticas do grupo terrorista palestino Hamas, Khaled Meshaal, pediu ontem, na Síria, a união de árabes e muçulmanos para derrotar os Estados Unidos e Israel. Há mais de 50 países muçulmanos no mundo -a maioria é não-árabe.
"Nossa batalha tem dois lados. Um é a maior potência do mundo, os EUA, e o outro, a maior potência na região. Esse é o tamanho da luta, e só a venceremos se no outro front estiverem árabes e muçulmanos", disse Meshaal no campo de refugiados palestinos de Al Yarmouk, perto de Damasco, onde o Hamas tem escritório.
Meshaal, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato por Israel em 1997, afirmou que o grupo terrorista irá se vingar das mortes de Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi. Os dois líderes do Hamas foram mortos em ações ordenadas pelo governo israelense, em março e no último sábado.
Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse que o governo norte-americano espera que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) tome medidas contra o Hamas. "Esperamos que tirem o Hamas de circulação. A saída [israelense] de Gaza será melhor e mais suave se o Hamas não estiver por perto", afirmou Boucher.
Os EUA temem que um agravamento do conflito palestino-israelense prejudique a situação no Iraque e aumente ainda mais o sentimento antiamericano na região por causa do forte apoio de Washington ao governo israelense. O rei Abdullah, da Jordânia, adiou ontem para o início de maio o encontro que teria amanhã com o presidente George W. Bush em Washington por causa de questões relativas ao processo de paz israelo-palestino.
Encontro na semana passada entre Bush e o premiê de Israel, Ariel Sharon, causou protestos entre os árabes pelo apoio de Bush ao israelense.
O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se em caráter emergencial ontem para discutir a ação em que um helicóptero israelense disparou dois foguetes no carro ocupado por Rantisi, no sábado.
Três semanas atrás, os EUA vetaram uma resolução similar que procurava condenar Israel pela morte de Yassin com o argumento de que a medida não incluía nenhuma censura aos ataques suicidas patrocinados pelo Hamas.

"Grande prisão"
Em comunicado publicado ontem, após reunião de sua direção, em Ramallah, a Autoridade Nacional Palestina disse que o plano de Sharon para Gaza tende a transformar aquele território "numa grande prisão".
Segundo o colegiado presidido por Iasser Arafat, Israel manterá o controle "sobre as águas territoriais, o espaço aéreo e os acessos por fronteiras terrestres".
O plano, apoiado na última quarta-feira pelo presidente dos EUA, George W. Bush, traz como contrapartida a manutenção dos assentamentos de israelenses na Cisjordânia. O controle da fronteira entre Gaza e o Egito continuaria em mãos de Israel, que não autorizou a reabertura do aeroporto e do porto locais.
O plano unilateral de Sharon -que alega ter tomado essa iniciativa por não contar com interlocutores confiáveis no lado palestino- pretende retirar de Gaza os assentamentos judaicos e suas forças militares. Convivem hoje no território 1,3 milhão de palestinos e 7.000 judeus.
O plano será submetido no próximo dia 2 a um referendo entre os 200 mil filiados ao Likud, partido de Sharon. Ontem, o premiê recebeu o apoio de Sylvan Shalom, ministro das Relações Exteriores, que até agora se opunha à retirada dos assentamentos sem contrapartida palestina.


Com agências internacionais


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