São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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RELATÓRIO

Esforços globais mereceram só nota 4 em 2003

Mundo fracassa ao buscar metas de desenvolvimento fixadas pela ONU

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA, EM BRUXELAS

O mundo não consegue mais do que 4, em uma escala de 0 a 10, em seus esforços ao longo de 2003 para atingir as Metas do Milênio. Ou seja, os objetivos fixados por 189 governantes em 2000 para reduzir a pobreza e a fome, aperfeiçoar a educação e a saúde, cuidar do ambiente e dos direitos humanos.
A baixa nota aparece em um relatório do Fórum Econômico Mundial, entidade consultiva das Nações Unidas, que criou a Iniciativa para a Governança Global, formada por analistas independentes de diferentes setores de atividade, exatamente para supervisionar o desempenho dos diferentes países na busca das Metas do Milênio.
Além da baixa nota no geral, o relatório aponta "algumas tendências inquietantes".
Primeiro, a proporção de pessoas que passam fome, em vez de diminuir, tende a aumentar no Oriente Médio, na África subsaariana e no sul da Ásia.
Segundo, pelo menos 96 países não estão aptos a atingir a meta de universalizar a educação primária até 2015, e 104 milhões de crianças nem sequer estão matriculadas na escola primária.
Terceiro, os doadores de recursos ficaram longe de fornecer os US$ 300 milhões prometidos para respaldar os esforços educacionais nos países menos desenvolvidos.
Quarto, a AIDS está matando professores mais depressa do que podem ser substituídos em algumas regiões da África.
Na área ambiental, o relatório lamenta que haja "poucas evidências" de esforços sérios para controlar as emissões do chamado "gás-estufa", que causa o aquecimento global e "pode prejudicar a produção agrícola, o fornecimento de água e as florestas", segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial.
Só 12% da superfície terrestre está hoje ostensivamente protegida. O mundo gasta apenas US$ 7 bilhões ao ano, em vez dos US$ 30 bilhões necessários para implementar adequadamente as medidas de proteção.

Progressos
O relatório aponta também alguns progressos, em especial na área de redução da pobreza por parte da China, que "fez avanços significativos por meio do aumento do gasto fiscal em programas de redução da pobreza".
O texto lamenta que as negociações da Organização Mundial do Comércio em Cancún "tenham falhado em conseguir um acordo para abrir os mercados para produtos agrícolas do mundo em desenvolvimento, deixando-o em permanente desvantagem".


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