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RELATÓRIO
Esforços globais mereceram só nota 4 em 2003
Mundo fracassa ao buscar metas de desenvolvimento fixadas pela ONU
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA, EM BRUXELAS
O mundo não consegue mais do
que 4, em uma escala de 0 a 10, em
seus esforços ao longo de 2003 para atingir as Metas do Milênio. Ou
seja, os objetivos fixados por 189
governantes em 2000 para reduzir
a pobreza e a fome, aperfeiçoar a
educação e a saúde, cuidar do ambiente e dos direitos humanos.
A baixa nota aparece em um relatório do Fórum Econômico
Mundial, entidade consultiva das
Nações Unidas, que criou a Iniciativa para a Governança Global,
formada por analistas independentes de diferentes setores de atividade, exatamente para supervisionar o desempenho dos diferentes países na busca das Metas
do Milênio.
Além da baixa nota no geral, o
relatório aponta "algumas tendências inquietantes".
Primeiro, a proporção de pessoas que passam fome, em vez de
diminuir, tende a aumentar no
Oriente Médio, na África subsaariana e no sul da Ásia.
Segundo, pelo menos 96 países
não estão aptos a atingir a meta de
universalizar a educação primária
até 2015, e 104 milhões de crianças
nem sequer estão matriculadas na
escola primária.
Terceiro, os doadores de recursos ficaram longe de fornecer os
US$ 300 milhões prometidos para
respaldar os esforços educacionais nos países menos desenvolvidos.
Quarto, a AIDS está matando
professores mais depressa do que
podem ser substituídos em algumas regiões da África.
Na área ambiental, o relatório
lamenta que haja "poucas evidências" de esforços sérios para controlar as emissões do chamado
"gás-estufa", que causa o aquecimento global e "pode prejudicar a
produção agrícola, o fornecimento de água e as florestas", segundo
o relatório do Fórum Econômico
Mundial.
Só 12% da superfície terrestre
está hoje ostensivamente protegida. O mundo gasta apenas US$ 7
bilhões ao ano, em vez dos US$ 30
bilhões necessários para implementar adequadamente as medidas de proteção.
Progressos
O relatório aponta também alguns progressos, em especial na
área de redução da pobreza por
parte da China, que "fez avanços
significativos por meio do aumento do gasto fiscal em programas de redução da pobreza".
O texto lamenta que as negociações da Organização Mundial do
Comércio em Cancún "tenham
falhado em conseguir um acordo
para abrir os mercados para produtos agrícolas do mundo em desenvolvimento, deixando-o em
permanente desvantagem".
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