|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REINO UNIDO
Ex-preso de Guantánamo acusa serviço britânico de omitir denúncia de tortura
DE SÃO PAULO
Um ex-detento de Guantánamo afirma que trechos do
seu depoimento ao serviço
de segurança britânico foram
omitidos para esconder a
complacência dos agentes
com o uso de tortura nos interrogatórios.
O líbio Omar Deghayes, 1
dos 6 detidos pelo Reino Unido que processam o governo
por terem sido enviados à
prisão da base americana em
Cuba, referia-se à transcrição
do seu depoimento às forças
britânicas a que teve acesso
após o jornal inglês "Guardian" publicá-la parcialmente, na semana passada.
Segundo Deghayes, a
transcrição omite seus relatos de tortura a agentes do
MI5 e MI6 (respectivamente,
as agências secretas britânicas do interior e exterior).
ESPANCAMENTOS
"Eu lhes contei sobre o tratamento -algemas, espancamentos, falta de sono, como fiquei doente. Mas esses
[comentários] não apareceram. O interesse nacional parece ter-lhes servido como
um escudo conveniente",
disse ele ao "Guardian".
Deghayes também afirma
que os agentes suprimiram
perguntas que poderiam
constrangê-los, por revelar
que estariam perdidos na investigação.
"Numa das primeiras sessões, eles me perguntaram
sobre a Tchetchênia, e eu disse que nunca havia estado lá.
Mas essa questão não aparece", disse ele.
CENSURA
Para o ex-preso, as omissões configuram censura e
buscam prejudicar a sua imagem. Ele alega que foi preso
por ter sido confundido com
outro homem.
As acusações pressionam
o governo britânico a escolher um juiz independente
para averiguar se os trechos
do depoimento foram mesmo modificados.
Deghayes também diz que
os registros estão incompletos. Só foi divulgada a transcrição de um interrogatório,
mas ele se lembra de ter sido
questionado outras duas ou
três vezes por agentes britânicos em Guantánamo.
TRAJETÓRIA
O líbio era um refugiado
político que morou no Reino
Unido por muitos anos antes
de se mudar para o Afeganistão. Depois do ataque militar
americano, ele fugiu para o
Paquistão, mas, acusado de
envolvimento com terroristas, foi preso em 2002 e entregue a autoridades dos EUA.
Primeiramente interrogado em bases militares no Paquistão, acabou transferido
para a prisão de Guantánamo. Foi libertado em 2007 e
hoje mora no Reino Unido
outra vez.
Texto Anterior: Rússia: Lei que amplia poder de agência de segurança passa no Senado Próximo Texto: EUA mandam guardas à fronteira com o México Índice
|