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SEM CANDIDATO
Apesar de não ter optado pela política, John Jr. tinha potencial eleitoral, segundo especialistas
Morte afeta projeto político dos Kennedy
MARCIO AITH
de Washington
O desaparecimento de John F.
Kennedy Jr. pode
ter sepultado de vez
os elementos que
poderiam conduzir
um novo membro da dinastia
Kennedy ao primeiro time da política norte-americana.
Embora tivesse rejeitado duas
oportunidades de ingresso na vida pública -ao recusar em 1992
uma oferta para candidatar-se a
deputado e ao renunciar em 1993
ao cargo de promotor-assistente
de Nova York-, John Jr. tinha,
segundo especialistas, qualidades
suficientes para tornar-se um fenômeno eleitoral.
"Ele não era inepto para a política, e seu enorme carisma pessoal
e a venerada herança familiar poderiam transformar-se em apelo
eleitoral para americanos de todas as idades", disse Stephen
Hess, especialista em política
americana do Brookings Institute, em Washington.
"Transformá-lo num candidato
viável a governador ou a presidente seria uma tarefa possível e
até divertida para os especialistas.
Aos 38 anos, ele tinha o tempo necessário para planejar e executar
um projeto eleitoral factível."
Único herdeiro do principal ramo dos Kennedy, John Jr. conciliava as virtudes de um modesto e
simpático príncipe herdeiro, a
atratividade de um jovem saudável e bonito e o apelo de uma estrela de Hollywood.
Suas imagens de criança cativaram as gerações mais velhas, que
acompanharam com consternação a sucessão de tragédias em
sua família. Os mais novos seguiram seus passos pelas colunas sociais, admiravam sua beleza e o
viam como modelo de sucesso.
Sua única aparição na arena política pareceu promissora. Ao fazer um discurso de apresentação
de seu tio Edward Kennedy na
convenção democrata em 1988,
aos 27 anos, ele foi ovacionado
durante dois minutos seguidos.
Além de seu tio Edward -atual
patriarca da família-, outros três
primos de John Jr. optaram pela
carreira política (dois são deputados e uma prima é vice-governadora). Mas poucos os vêem com
potencial suficiente para uma
candidatura à Presidência.
Não era o caso de John. A convenção de 88, por si só, não pode
ser vista como prova de sua viabilidade eleitoral, mas houve experiências recentes inspiradoras.
Não há motivos para duvidar
que John Jr. pudesse ter a aprovação eleitoral numa sociedade que
elegeu duas vezes um ator -Ronald Reagan- presidente e que
coloca o filho pouco conhecido de
um ex-presidente inexpressivo
(George W. Bush, filho do ex-presidente George Bush) na dianteira
das pesquisas para as eleições presidenciais do próximo ano.
Ao contrário de George W.
Bush, não há indícios de que John
Jr. tenha se envolvido com bebidas ou tido uma juventude conturbada. Além de ter exibido uma
excelente desenvoltura diante das
câmeras, John Jr. podia ser um
bom ator quando quisesse. Essa
era sua profissão favorita, que não
seguiu por oposição de sua mãe.
É verdade que sua opção pelo
ramo editorial não se revelou um
sucesso. A receita publicitária de
sua revista "George" havia caído
30% no último semestre e há rumores de que fecharia mesmo
sem seu desaparecimento.
"Mas é importante notar que a
simples decisão de abrir uma revista não o afastou da política. Indicou que ele havia encontrado
sua própria maneira de se aproximar da profissão do pai", disse
Hess, do Brookings.
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