UOL


São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diplomata afirmava temer atentado

DA REDAÇÃO

Nas últimas semanas, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello vinha expressando preocupação, em conversas com assessores e parentes, com o recrudescimento da violência no Iraque.
Dizia temer que a ONU, por sua vulnerabilidade, pudesse ser atingida pela onda de atentados e sabotagens promovida por aliados de Saddam Hussein.
Em uma conversa com assessores na semana passada, segundo apurou a Folha, disse saber dos riscos que corria.
"Preciso tomar cuidado 24 horas por dia. Não estou em Bagdá a passeio", afirmou.
O recente atentado contra a Embaixada da Jordânia em Bagdá havia demonstrado, segundo o brasileiro, que prédios usados por diplomatas eram muito mais vulneráveis do que instalações militares das forças da coalizão anglo-americana.
Vieira de Mello não imaginava, contudo, que pudesse acabar virando o alvo principal de um atentado -dizia preocupar-se sobretudo com a segurança dos funcionários da ONU espalhados pelo país.
Em julho, em uma declaração dada ao Conselho de Segurança da ONU, ele já havia dado indicações de que temia a iminência de um atentado.
"A presença das Nações Unidas no Iraque permanece vulnerável a qualquer um que busque alvejar a organização", declarou.
Anteontem, em entrevista ao "Jornal do Brasil", o diplomata novamente mencionou o assunto. "Ninguém passeia por aqui. Não se sabe onde a próxima vai explodir ou a próxima granada será jogada."
Usou de ironia, no entanto, ao falar dos cuidados que tomava "Não dizemos que Deus é brasileiro? Tenho certeza de que Ele sempre me protege."
Mesmo antes de chegar a Bagdá, o diplomata já havia registrado preocupação com o tema.
"O assassinato de soldados das Nações Unidas e do pessoal humanitário é um crime contra a humanidade. Já é hora de acabar com essa monstruosidade de uma vez por todas", afirmou ele, em setembro de 2000, após o assassinato de funcionários da ONU em Timor Leste por milícias pró-Indonésia.


Texto Anterior: No Rio, mãe do diplomata temia por sua vida
Próximo Texto: População iraquiana odeia Nações Unidas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.