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Diplomata afirmava temer atentado
DA REDAÇÃO
Nas últimas semanas, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello vinha
expressando preocupação, em
conversas com assessores e parentes, com o recrudescimento da
violência no Iraque.
Dizia temer que a ONU, por sua
vulnerabilidade, pudesse ser atingida pela onda de atentados e sabotagens promovida por aliados
de Saddam Hussein.
Em uma conversa com assessores na semana passada, segundo
apurou a Folha, disse saber dos
riscos que corria.
"Preciso tomar cuidado 24 horas por dia. Não estou em Bagdá a
passeio", afirmou.
O recente atentado contra a Embaixada da Jordânia em Bagdá havia demonstrado, segundo o brasileiro, que prédios usados por diplomatas eram muito mais vulneráveis do que instalações militares
das forças da coalizão anglo-americana.
Vieira de Mello não imaginava,
contudo, que pudesse acabar virando o alvo principal de um
atentado -dizia preocupar-se
sobretudo com a segurança dos
funcionários da ONU espalhados
pelo país.
Em julho, em uma declaração
dada ao Conselho de Segurança
da ONU, ele já havia dado indicações de que temia a iminência de
um atentado.
"A presença das Nações Unidas
no Iraque permanece vulnerável a
qualquer um que busque alvejar a
organização", declarou.
Anteontem, em entrevista ao
"Jornal do Brasil", o diplomata
novamente mencionou o assunto. "Ninguém passeia por aqui.
Não se sabe onde a próxima vai
explodir ou a próxima granada
será jogada."
Usou de ironia, no entanto, ao
falar dos cuidados que tomava
"Não dizemos que Deus é brasileiro? Tenho certeza de que Ele
sempre me protege."
Mesmo antes de chegar a Bagdá,
o diplomata já havia registrado
preocupação com o tema.
"O assassinato de soldados das
Nações Unidas e do pessoal humanitário é um crime contra a
humanidade. Já é hora de acabar
com essa monstruosidade de uma
vez por todas", afirmou ele, em
setembro de 2000, após o assassinato de funcionários da ONU em
Timor Leste por milícias pró-Indonésia.
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