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Schröder quer superar divergências com Bush
DA REDAÇÃO
O chanceler (premiê) alemão,
Gerhard Schröder, disse, em artigo publicado ontem no "New
York Times", que a Alemanha deseja superar as divergências com
os EUA e ajudar na reconstrução
no Iraque. "É verdade que a Alemanha e os EUA não estiveram de
acordo sobre a melhor maneira
de tratar o regime de Saddam
Hussein [ex-ditador iraquiano].
Não há razão para continuar esse
debate. Devemos olhar para o futuro. Trabalhar juntos para conseguir a paz", escreveu Schröder.
O premiê disse estar disposto a
enviar ajuda humanitária ao Iraque, auxiliar na reconstrução civil
e econômica do país e treinar as
forças de segurança iraquianas.
O artigo foi publicado num momento estratégico, já que, hoje,
França, Alemanha e Reino Unido
-os três principais países da
União Européia (UE)- realizarão reunião em Berlim na qual
também tratarão de suas divisões.
A França e a Alemanha lideraram a oposição à guerra, e o Reino
Unido foi o maior aliado dos EUA
no conflito. Como os três países
são os pilares da UE, é importante
que se reaproximem, inclusive
porque o bloco europeu viverá
uma fase delicada em 2004, com a
adesão de dez novos membros.
Segundo o jornal alemão "Die
Welt", "os planejadores da política exterior alemã crêem ser possível reduzir a profunda brecha
dentro da União Européia".
Embora tanto a França quanto a
Alemanha sejam favoráveis a que
a ONU tenha um papel mais relevante no Iraque ocupado, Schröder tem dados sinais de que quer
ajudar os EUA mesmo sem condicionar essa colaboração a uma
nova resolução sobre o Iraque no
Conselho de Segurança da ONU.
Já o presidente francês, Jacques
Chirac, tem insistido que os EUA
devem transferir o poder aos iraquianos "em meses, não anos" e
que a ONU -e não os EUA- deve ter o papel central na transição.
"Os franceses estão colocando
mais pressão do que os alemães",
disse Hans Stark, do Instituto
Francês de Relações Internacionais. "A Alemanha quer restaurar
as boas relações com os EUA, enquanto esse não é muito o caso da
França."
Segundo Stark, a França quer
aumentar sua influência na região
do Iraque, o que só seria possível
por meio das Nações Unidas. "A
motivação principal da França é
seu interesse nacional mais do
que o interesse da ONU", disse.
Já o premiê britânico, Tony
Blair, cuja imagem se desgastou
devido a sua aliança incondicional com os EUA, quer recolocar o
Reino Unido no centro da UE.
Tradicionalmente, a França e a
Alemanha são vistos como "os
motores" da UE. Já o Reino Unido, que tem uma postura ambígua em relação à integração européia -não adotou o euro, por
exemplo-, engajou-se mais no
atual governo. Mas a divisão causada pelo Iraque esfriou as coisas.
"Nem o Reino Unido nem a
França ou a Alemanha podem
cumprir seus objetivos na Europa
sem trabalharem juntos de forma
mais construtiva", disse Charles
Grant, diretor do Centro para a
Reforma Européia, de Londres.
"Não há dúvida de que Blair
quer ver o Reino Unido no coração da Europa, e o coração da Europa é ocupado pela França e pela
Alemanha", disse Stanley Crossick, diretor do Centro de Política
Européia, em Bruxelas.
Na próxima semana governantes de todo o mundo participarão
da Assembléia Geral da ONU, em
Nova York. Com a conversa de
hoje, Schröder, Chirac e Blair tentarão afinar suas posições.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, discursará na terça-feira
e deve falar sobre a nova resolução que pretende apresentar.
Bush quer mais ajuda internacional -em soldados e recursos financeiros- para a reconstrução
do Iraque, mas, para conseguir isso, terá de dar à ONU uma importância maior no processo.
Ontem, a França anunciou que
Chirac se reunirá com Bush durante a Assembléia.
Com agências internacionais
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