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OPINIÃO
O vínculo inexistente com o terrorismo
Leia a seguir trechos do editorial
publicado na edição de ontem do
jornal "The New York Times".
Na quarta-feira, o presidente
Bush finalmente pôs os pingos
nos "is", reconhecendo que não
existe conexão entre Saddam
Hussein e o 11 de Setembro.
Os assessores da Casa Branca
nos dirão que Bush nunca chegou
a afirmar diretamente que ela
existisse. Mas pesquisas indicam
que muitos americanos crêem na
existência desse vínculo. E, ao menos em parte, isso ocorre porque
os assessores do presidente deixaram implícito que ele existia.
O próprio Bush traçou uma linha que partia dos atentados
quando anunciou o fim das hostilidades no Iraque. "A batalha do
Iraque é uma vitória na guerra
contra o terror, que começou em
11 de setembro de 2001 e continua
até hoje", disse Bush.
Mas, no domingo, o vice-presidente Dick Cheney foi longe demais, dizendo que "não é surpresa" que muitos americanos vejam
um elo entre Saddam e o 11 de Setembro. Indagado sobre a existência desse elo, ele disse: "Não
sabemos". Mas a administração
sabe, e Bush foi obrigado a reconhecer esse fato na quarta-feira.
Cheney não se surpreendeu ao
saber que os americanos tinham
feito uma conclusão apressada.
Mas mostrou-se entusiasmado ao
ajudá-los a chegar a ela. "Voltamos ao 11 de Setembro, e, além
disso, uma das preocupações com
Saddam é seu potencial relacionado a armas biológicas", disse Cheney, em setembro de 2002.
Ele tomou o cuidado de não
afirmar que existiam provas reais
que ligassem Saddam ao 11 de Setembro. Mas usou um argumento
tortuoso sobre as ligações entre
Saddam e a Al Qaeda e sugeriu
que não estivesse revelando tudo
o que sabia porque não queria divulgar segredos importantes.
Antes de a guerra começar,
Bush mudou, várias vezes, os argumentos usados para justificá-la. O mais persuasivo deles -o
perigo das armas de destruição
em massa iraquianas- caiu por
terra desde então, já que essas armas não foram encontradas.
Houve várias provas de que
Saddam era um tirano. Mas pesquisas mostram que o público
americano não vê a idéia de fazer
sacrifícios para ajudar os iraquianos com o mesmo entusiasmo
que a de fazer sacrifícios para proteger os EUA do terrorismo.
A administração Bush sempre
reage mal quando as pessoas procuram traçar paralelos entre o o
Vietnã e o Iraque. Porém, se não
quiser que a história se repita,
Bush deverá aprender com ela.
O veneno do Vietnã nasceu de
uma classe política que não quis
ser transparente com a população. A franqueza é a melhor arma
de Bush para manter a confiança
popular em sua liderança.
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