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IGREJA CATÓLICA
Prelado belga afirma que a eventual saída de João Paulo 2º não o surpreenderia; Vaticano nega a especulação
Papa pode renunciar em 2001, diz cardeal
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O cardeal Godfried Danneels,
figura de ponta da Igreja Católica
da Bélgica, disse ontem a jornalistas, durante o lançamento de um
livro de sua autoria, que não se
surpreenderia se o papa João Paulo 2º renunciasse no ano que vem.
Além disso, o cardeal belga afirmou ser inevitável que, um dia, os
papas sejam obrigados a se aposentar quando atinjam uma certa
idade, relançando o debate sobre
até quando João Paulo 2º, 80, comandará a igreja.
Os jornalistas perguntaram então ao cardeal Danneels se o limite
de 75 anos utilizado para a aposentadoria de bispos (que, ao
atingir essa idade, colocam seus
postos à disposição do Vaticano)
também deveria ser aplicado ao
papa.
"A questão será colocada da
mesma forma para os papas. E
não me surpreenderia se o papa se
aposentasse depois de 2000. Ele
queria de qualquer maneira participar do ano do Jubileu (2000),
mas eu o considero capaz de se
aposentar depois disso", respondeu o cardeal belga.
Sobre a inevitabilidade da aposentadoria papal, ele acrescentou:
"No futuro, penso que isso terá de
ocorrer. Ninguém será capaz de
fazer o contrário".
Vaticano
A cúpula da Igreja Católica tentou pôr fim às especulações do
cardeal sobre a aposentadoria do
papa João Paulo 2º em uma nota
oficial.
"Trata-se de uma opinião pessoal do cardeal Danneels, que não
foi confirmada", disse Joaquin
Navarro-Valls, principal porta-voz do Vaticano.
O cardeal Danneels, que integra
a lista dos possíveis sucessores de
João Paulo 2º, deve participar de
um evento para falar de seu livro
na próxima segunda-feira, quando poderá esclarecer os comentários de ontem.
Especulações
Em janeiro deste ano, o bispo
alemão Karl Lehmann causou
controvérsia ao levantar a idéia de
que o papa poderia renunciar um
dia, caso não se sentisse mais apto
a desempenhar suas funções eclesiásticas.
Geralmente, os papas mantêm-se no posto até o fim de suas vidas.
O último papa que renunciou por
livre e espontânea vontade foi Celestino 5º, que deixou seu posto
em 1294.
Gregório 12 abdicou contra sua
vontade, em 1415, para solucionar
o problema da existência de mais
de um papa ao mesmo tempo.
Especulações sobre uma possível renúncia de João Paulo 2º, que
começou esta semana seu 23º ano
no comando da Igreja Católica,
emergem sempre que seu estado
de saúde piora.
Já houve também especulações
de que o papa abdicaria de seu
posto em 2001, pois ele acredita
que tenha recebido, em 1978
-quando foi eleito-, a missão
divina de liderar a Igreja Católica,
que conta com cerca de 1 bilhão
de fiéis, até o novo milênio.
De acordo com o Código de Direito Canônico, um papa tem o
direito de renunciar, mas deve fazê-lo espontaneamente. E, já que
é a maior autoridade da igreja,
não cabe a ninguém aceitar sua
renúncia.
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