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Entusiasmo ocidental contrasta com sobriedade da mídia local
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tratada com benevolência
pelo Ocidente, a ex-premiê Benazir Bhutto é uma figura política desgastada pela corrupção
e por alianças fisiológicas, embora ainda significativa, em seu
próprio país. A cobertura sóbria de periódicos como o
"Dawn" e "The News" sobre o
retorno da líder do PPP contrasta com o entusiasmo da imprensa euro-americana.
"Jovem e glamourosa", diz o
perfil da ex-premiê produzido
pela rede britânica BBC, "ela
construiu com sucesso a imagem de um refrescante contraste com o establishment político dominado por homens".
Inicialmente, teria "relutado
em seguir carreira política"
-teria cedido ao chamado?
Em 1988, então aos 35 anos,
Benazir, educada em Harvard e
Oxford, encantou o Ocidente
ao eleger-se a primeira chefe de
governo de um país muçulmano. Substituía, ungida pelo voto, o ditador Mohammed Zia
-o mesmo que, em 1977, depusera o governo de seu pai, executado dois anos depois-,
morto sob circunstâncias suspeitas em um acidente de avião.
Se, após dez meses, seu governo era dissolvido sob acusações de corrupção -conforme
previsto em lei-, era fácil acreditar na alegada perseguição
política. Benazir voltaria em
1993, mais uma vez eleita. Mas
logo cairia. Do segundo round
de acusações foi mais difícil fugir. Condenada no Paquistão e
na Suíça -onde recorreu-, investigada na França e na Polônia, ela optou pelo exílio, enquanto seu marido, conhecido
como "Sr. 10%" no Paquistão,
cumpria oito anos de sentença.
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