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País deverá sofrer
pressão internacional
DA REDAÇÃO
A escalada brasileira no ranking
dos hackers deve resultar em
pressões internacionais sobre as
autoridades do país para que tomem providências para conter as
atividades dos piratas virtuais.
Segundo DK Matai, presidente
da mi2g, após os atentados de 11
de setembro de 2001, EUA e Reino
Unido aprovaram leis que comparam cibercrime a terrorismo.
Temem que extremistas islâmicos utilizem os hackers em seus
ataques ao Ocidente. "Seria importante controlar as atividades
de hackers no Brasil, para evitar
que esses elementos muito capacitados sejam contratados por radicais islâmicos", disse Matai à
Folha, por telefone. Leia trechos
da entrevista.
(MS)
Folha - Como vocês chegaram a
esses resultados?
DK Matai - Temos um banco de
dados desde 1995 e monitoramos
atividades de hackers estabelecendo relações com esses grupos
-temos contato com mais de
6.000 deles. Assim, quando um
hacker entra num sistema, descobrimos, por meio de vigilantes de
hackers, o que ocorreu.
Folha - Por que o Brasil se tornou
uma potência de hackers?
Matai - O Brasil é um país avançado no que diz respeito a especialistas em software. Muitas multinacionais dos EUA e da Europa
usam as habilidades de programadores brasileiros. Vocês tem
uma infra-estrutura industrial e
de telecomunicações avançada. O
cibercrime se origina do Brasil
porque é um país industrializado.
É um tipo de crime do século 21.
Folha - Os grupos brasileiros citados no relatório estão ligados ao
mesmo tipo de crime, ou cada um
se especializa numa modalidade?
Matai - Alguns deles são motivados por protesto político. Durante
a recente eleição presidencial brasileira, alguns hackers estavam
muito ativos. Uns eram a favor de
Lula, outros contra ele. Isso foi
percebido em ataques nos EUA e
na Europa, em que os invasores
deixavam mensagens em português contra ou a favor de Lula.
Há também muitas organizações criminosas no Brasil, envolvidas com o narcotráfico e lavagem de dinheiro. Eles podem estar usando os acessos de banda
larga nos EUA e na Europa para
conseguir números de cartões de
crédito para fazer fraudes.
Folha - O sr. disse acreditar que o
G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia) deva fazer pressão sobre o Brasil para
frear os hackers. Que tipo de pressão costuma ser feita nesses casos?
Matai - O USA Patriot Act, que
entrou em vigor após 11 de setembro, iguala as ações dos hackers a
atos terroristas. No Reino Unido,
o UK Terrorism Act faz o mesmo.
Os grandes países que são alvos
de ataques dos hackers do Brasil
fazem parte do G-8.
Os principais países do mundo
terão de dialogar com as autoridades brasileiras para que aprovem
leis que dificultem as atividades
de hackers e que prendam alguns
deles para servir de exemplo e
mostrar que esse tipo de atividade
não pode acontecer.
Há um problema maior: muitos
grupos pró-extremismo islâmico
estão invadindo computadores
ocidentais em razão da guerra ao
terror. Há grande preocupação
nos EUA e na Europa sobre o impacto dos hackers como um mecanismo usado por radicais islâmicos seguidores dos autores dos
ataques de 11 de setembro.
Seria importante controlar as
atividades de hackers no Brasil,
para evitar que esses elementos
muito capacitados sejam contratados por radicais islâmicos.
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