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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Carro-bomba explode em Ramadi; coalizão oferece US$ 10 milhões por pistas de ex-assessor de Saddam

EUA atacam alvos de rebeldes com bombas de 900 kg

DA REDAÇÃO

Duas bombas de quase 900 kg foram lançadas pelas forças americanas na região de Baquba, no nordeste do Iraque, no fim da noite de anteontem. O ataque faz parte de uma operação contra a resistência iraquiana que teve prosseguimento ontem com o bombardeio de Kirkuk (norte).
Em Ramadi, a oeste de Bagdá, um carro-bomba explodiu durante a noite perto da casa de um líder tribal. Um prédio foi parcialmente destruído, mas o número de mortes provocadas ainda era desconhecido até o fechamento desta edição.
A operação americana também teve desdobramentos em Tikrit, onde cresceu o ex-ditador Saddam Hussein, e em Bagdá, onde uma fábrica abandonada supostamente usada pela resistência voltou a ser bombardeada.
Um porta-voz militar disse que, ao todo, 55 alvos foram atingidos durante a noite, mas não divulgou informações sobre baixas.
Com o lançamento da Operação Martelo de Ferro, nos últimos dias, os EUA usaram artilharia pesada, tanques, helicópteros e caças-bombardeiros contra supostos "campos e esconderijos terroristas" na região do Triângulo Sunita, que concentra partidários do regime deposto. A campanha segue a intensificação dos ataques iraquianos que, desde que o presidente George W. Bush anunciou o fim dos principais combates, em 1º de maio, já mataram 179 soldados americanos.
A resistência também tem visado iraquianos que colaboram com a coalizão anglo-americana. Em Diwaniyah (sul), Hmud Kadhim, o diretor-geral do Ministério da Educação para a região, foi morto a tiros por desconhecidos.

Recompensa
Os militares americanos afirmam ter informações de que parte dos ataques contra suas tropas seria comandada por Izzat Ibrahim al Douri, um dos assessores mais próximos de Saddam. Depois do ex-ditador, Al Douri é o principal iraquiano na lista dos 55 mais procurados pelos EUA que ainda está foragido.
Ontem, o comando americano estabeleceu uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à captura de Al Douri, cuja casa, em Tikrit, foi destruída nos últimos ataques. Informações que levem a Saddam valem uma recompensa de US$ 25 milhões.
O jornal árabe "Al Hayat", publicado em Londres, afirmou ter recebido um comunicado do extinto partido Baath, ao qual Saddam pertencia. O texto, que promete "libertar o Iraque da ocupação", atribui a resistência a simpatizantes do partido, ex-membros da Guarda Republicana e "nobres voluntários árabes".
Em entrevista ao jornal italiano "Corrieri della Sera", o diplomata americano Paul Bremer, chefe da Autoridade Provisória da Coalizão (APC), afirmou que "quase 90% do Iraque está tranquilo, normal e em paz".
Já Jalal Talabani, o atual presidente do Conselho de Governo Iraquiano -que responde à APC-, afirmou em visita à Turquia que a sensação no Iraque é que os americanos já ficaram "tempo demais". "Os EUA trouxeram paz e liberdade ao Iraque, mas estão perdendo a simpatia dia após dia desde que se tornaram uma força de ocupação", declarou ele à CNN Turquia.
Os EUA pretendem transferir o poder para uma autoridade interina iraquiana em junho de 2004. Para obter maior apoio da ONU -que retirou seus funcionários estrangeiros do país após sofrer dois atentados em agosto e setembro-, Washington estuda propor uma resolução ao Conselho de Segurança do organismo fixando a data da transição.


Com agências internacionais

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