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COMENTÁRIO
Mídia troca jornalismo por propaganda
JEAN-PIERRE THIBAUDAT
do "Liberatión", de Moscou
A cobertura da campanha
eleitoral na mídia não se mostrou ""digna" e privilegiou a propaganda, rejeitando a investigação. Isso não é surpresa, pois os
meios de comunicação do país
estão nas mãos de grandes grupos financeiros, que põem sua
força ao alcance do partido ou
coalizão que sustentam.
Há quatro meses, o Unidade,
partido dirigido por Serguei
Shoigu (ministro para Situações
de Emergência), não existia. Foi
criado para mobilizar as vozes
favoráveis ao Kremlin quando a
popularidade do presidente
Ieltsin estava no patamar mais
baixo nas pesquisas. Putin, o
premiê que fez explodir o índice
de popularidade do governo,
disse, perante as câmeras de TV
russas dos canais ORT e RTR
(semipúblicos), que os eleitores
deveriam votar no Unidade.
Desde então, reportagens desses
canais fizeram campanha do
candidato Shoigu transmitindo
para toda a Rússia.
O ORT é o canal que tem
maior penetração no país, atingido 98% dos lares. Longe de ser
um canal de serviço público, é
um órgão de propaganda a serviço do poder. Partindo do zero
em setembro, o Unidade, apesar
de não ter um programa definido e de Shoigu não ser tão brilhante, chegaria, segundo as
pesquisas, em segundo ou terceiro lugar nas urnas.
A TV privada NTV, concorrente direta da ORT e pertencente ao grupo Goussinski,
apóia a formação de Lujkov e
Primakov e não dá informações
que irritem esses dois.
No interior, a situação é pior.
Os meios de comunicação estão
nas mãos dos governadores e
não vale a pena ser jornalista independente.
Enfim, essa campanha eleitoral não fez mais do que pôr em
evidência o longo caminho que
separa a Rússia pós-soviética de
uma imagem realmente livre,
profissional e pluralista.
Tradução de Maristela do Valle
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