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Chávez pede gasolina e técnicos brasileiros
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
O presidente Hugo Chávez pediu a Marco Aurélio Garcia, enviado especial do presidente eleito
Luiz Inácio Lula da Silva, que o
Brasil forneça gasolina à Venezuela, quadros técnicos da Petrobrás para substituir os grevistas
da estatal de petróleo local e um
aumento da exploração em território da Venezuela.
O Brasil já vende US$ 900 milhões anuais de derivados de petróleo à Venezuela, o que parece
um contra-senso (o país vizinho é
o quinto maior exportador mundial), mas não é. O Brasil importa
petróleo e, ao processá-lo, gera
derivados em quantidade que pode superar a demanda interna.
A Petrobrás já atua na exploração na Venezuela por meio da Perez Companc, empresa argentina
recentemente comprada pela brasileira.
Marco Aurélio anotou tudo, para levar os pedidos ao governo
brasileiro, tanto ao atual como ao
próximo, na medida em que fez
questão de deixar claro que sua
missão teve aval completo do Itamaraty, embora tenha sido idealizada pelo futuro presidente.
O assessor diplomático de Lula
chegou à Venezuela disposto a
conversar apenas com representantes do governo Chávez, para
não convalidar o que considera
golpismo da oposição.
Mas mudou de idéia e, com a
concordância do próprio Chávez,
está disposto a dialogar com oposicionistas que "estejam comprometidos com uma solução democrática para a Venezuela".
Tem até um nome na agenda:
Timoteo Zambrano, um social-democrata que é o coordenador,
pelo lado oposicionista, do diálogo com o governo (até agora um
diálogo de surdos).
Consultado sobre o nome, Chávez respondeu que seria "bom" o
contato e contou que houve gestões para que ele próprio se encontrasse no exterior com Zambrano, o que acabou não acontecendo.
A recepção de Chávez a Marco
Aurélio, sempre acompanhado
pelo embaixador Ruy Nogueira,
foi "exuberante", na definição do
emissário de Lula.
Foi mesmo. À saída do Palácio
de Miraflores, Chávez disse a
Marco Aurélio: "Estás en tu pátria, hermano".
Os dois tinham agendado um
encontro durante jantar ontem,
mas Chávez localizou Marco Aurélio em pleno almoço na residência do embaixador brasileiro e pediu-lhe que fosse ao palácio antes
de se avistar com César Gaviria, o
secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos),
mediador do diálogo.
Chávez vira, no único canal estatal, a entrevista que Marco Aurélio dera após reunir-se com o vice-presidente José Vicente Rangel
e se entusiasmara. Qualificou de
"equilibradas e apropriadas" as
palavras do enviado brasileiro.
As mesmas palavras, aliás, que
Marco Aurélio repetiria após a
conversa com Gaviria: "Não é o
caso de oferecer mediação, porque é um problema que tem de
ser resolvidos pelos venezuelanos.
Mas, se o governo da Venezuela
solicitar, podemos ver como o futuro governo brasileiro pode ajudar".
A viagem do emissário de Lula
foi capa nos dois principais jornais locais ("El Nacional" e "El
Universal") e flashes, nos telejornais, reproduziram suas três breves entrevistas aos jornalistas,
após cada encontro.
(CR)
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