São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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ÁSIA

O liberal Roh Moo-hyun é visto como um renovador, mas a sua vitória pode minar relações entre Seul e Washington

Governista vence eleição sul-coreana

DA REDAÇÃO

O candidato governista Roh Moo-hyun, 56, liberal e com reputação de ser um político apto a comandar as reformas de que o país precisa, venceu ontem a eleição presidencial sul-coreana com pequena margem de votos.
Esse resultado poderá complicar as relações entre a Coréia do Sul e os EUA por conta de diferenças no que se refere ao tratamento que deverá ser dado à Coréia do Norte e a seu programa nuclear.
Segundo os resultados oficiais, Roh venceu Lee Hoi-chang, 67, que é o líder da oposição conservadora, por pouco mais de dois pontos percentuais.
O principal tema da campanha eleitoral foi o modo como a Coréia do Sul deverá conduzir sua política em relação à Coréia do Norte, que se mostra cada vez mais imprevisível.
"Fracassei novamente em minha tentativa de conquistar a Presidência", declarou Lee. Ele perdeu a eleição ocorrida em 1997 para o atual presidente sul-coreano, Kim Dae-jung.
Roh expressou gratidão e prometeu fazer um governo voltado para todos os sul-coreanos, "não apenas para meus simpatizantes".
Ele terá pouco tempo para comemorar sua difícil vitória, já que terá de enfrentar um Parlamento dominado pelo partido de Lee, uma economia cambaleante e o descontentamento da administração americana com a política sul-coreana em relação à Coréia do Norte.
No início de 2002, o presidente dos EUA, George W. Bush, incluiu a Coréia do Norte, ao lado do Irã e do Iraque, no que classificou de "eixo do mal".
Apenas 70,2% dos eleitores foram às urnas, o que se tornou a porcentagem de comparecimento mais baixa da história do país.
O triunfo do Roh, que ficou famoso como advogado trabalhista e defensor dos direitos humanos, ocorreu após seu companheiro de chapa, Chung Mong-joon, trocar de lado surpreendentemente.
Roh prometeu ser severo com os grandes conglomerados familiares que controlam a economia sul-coreana há décadas, e Chung pertence à família que controla um dos maiores grupos econômicos do país, a Hyunday.
Na campanha eleitoral, o presidente eleito também prometeu dar continuidade à aplicação da Política da Luz Solar -concebida pelo atual presidente- à Coréia do Norte. Trata-se de uma política de reconciliação apesar da instabilidade da Coréia do Norte e da insistência de Pyongyang em manter seu programa nuclear.

Mercado financeiro
Prakash Sakpal, economista que trabalha no banco ING Barings, em Hong Kong, disse que a vitória de Roh fora "uma boa notícia". De acordo com ele, o mercado financeiro acredita que o presidente eleito venha a "dar continuidade às reformas econômicas que o atual governo começou a fazer".
Os EUA enviaram felicitações a Roh por sua vitória e disseram esperar que os dois países possam trabalhar em conjunto no que concerne à Coréia do Norte.
A campanha de Roh foi marcada pelo antiamericanismo. Ele diz crer que as relações entre Seul e Washington devam ser "mais equilibradas". Mas, para analistas, ele venceu porque representa a renovação (embora fosse o candidato governista), não o antiamericanismo. Ele deverá assumir o governo em fevereiro.


Com agências internacionais


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