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IRAQUE OCUPADO
Manifestantes temem que o status do ex-ditador o leve a ser poupado
Xiitas pedem execução de Saddam
DA REDAÇÃO
No quarto dia de passeatas xiitas no Iraque em pouco mais de
uma semana, cerca de 5.000 pessoas saíram às ruas de Bagdá para
exigir a execução do ex-ditador
Saddam Hussein, capturado pelas
forças dos EUA em dezembro.
É a primeira vez que uma passeata faz tal demanda. Anteontem, um protesto na capital por
eleições diretas atraiu 100 mil xiitas, maioria reprimida nos 24
anos da ditadura de Saddam.
A manifestação de ontem começou nas ruas do bairro xiita de
Sadr City, um dos mais pobres da
capital, e seguiu até a praça Al Firdus, cenário da queda da estátua
de Saddam na tomada de Bagdá.
"O carniceiro do Iraque não é
um prisioneiro de guerra e deve
ser punido", dizia uma faixa exibida pelos manifestantes. "Nós
condenamos a injusta decisão
americana", afirmava um comunicado lido pelos manifestantes.
"A América se esqueceu dos gritos de nossas crianças, dos órfãos,
das lágrimas de nossas mulheres
chorando sobre os túmulos de
seus maridos e de seus filhos?"
Os EUA atribuíram ao ex-ditador o status de prisioneiro de
guerra, o que lhe garante tratamento humano, julgamento imparcial e outros direitos assegurados nas Convenções de Genebra.
Organizações de defesa dos direitos humanos acreditam que
tais garantias não serão cumpridas caso os EUA entreguem Saddam a um tribunal iraquiano. Anteontem, o secretário de Estado
americano, Colin Powell, afirmou
que o ex-ditador seria julgado
"quando o Iraque tivesse um governo soberano", a partir de julho, mas não especificou se o processo transcorreria no Iraque.
Intervenções e mudanças
Os iraquianos querem que a
ONU intervenha no processo.
Outra demanda -esta endossada pelos EUA- é que o organismo internacional participe da
transição política no país.
Tanto Washington quanto os
xiitas querem que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, envie
uma equipe para analisar a viabilidade de um pleito direto ainda
neste ano. O presidente George
W. Bush e Powell se reuniram
com o atual presidente do Conselho de Governo Iraquiano, Adnan
Pachachi, em Washington. Anteontem, Bush encontrara o chefe
do governo provisório, o americano Paul Bremer.
Após os encontros, Bush afirmou que não espera alterar a estrutura básica da transição. Já Powell disse que o Departamento de
Estado não tinha planos ainda para lidar com as exigências xiitas.
"Queremos aperfeiçoar o plano
de um modo que faça sentido e
conseguir apoio de todas as partes", declarou o secretário.
Os EUA, que defendem um processo indireto, dizem que o tempo
é insuficiente para a condução de
um censo e a promulgação de
uma nova Constituição, duas
condições essenciais para o voto
direto. Liderados pelo aiatolá Ali
al Sistani, os xiitas, que são majoritários e provavelmente elegeriam um governo dessa linha islâmica, dizem que, sem diretas, não
haveria legitimidade no governo.
Annan deve anunciar se enviará
a missão nos próximos dias, após
ouvir o parecer de uma equipe
que avaliará se há segurança para
o retorno da entidade. Desde outubro, a ONU não tem funcionários estrangeiros no Iraque, onde
sua sede foi alvo de dois atentados
-que mataram 24 pessoas.
Também ontem, o enviado dos
EUA para negociar a dívida iraquiana, o ex-secretário de Estado
James Baker, visitou os Emirados
Árabes Unidos e o Qatar, que prometeram perdoar os US$ 7 bilhões que Bagdá lhes deve.
Com agências internacionais
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