DA REDAÇÃO

O premiê do Reino Unido, Tony Blair, disse ontem em discurso na TV que forças britânicas haviam se juntado aos combates aéreos, marítimos e terrestres no Iraque, assinalando uma escalada na guerra contra Saddam.
"Esta noite, soldados britânicos estão em ação no ar, na terra e no mar. Sua missão: remover Saddam Hussein do poder e livrar o Iraque de suas armas de destruição em massa", afirmou no discurso gravado, suas primeiras palavras públicas desde o início da campanha militar.
Segundo o jornal britânico "The Guardian", o premiê foi informado do começo das operações pelo governo dos EUA, duas horas antes do início dos bombardeios, mas não consultado a respeito.
Enquanto Blair falava, às 19h (hora de Brasília), mais de 40 mil militares britânicos conduzidos ao golfo Pérsico se juntavam às forças americanas numa ofensiva terrestre no sul do Iraque.
O governo britânico bloqueou todas as informações relativas às operações no Iraque. Segundo o Ministério da Defesa, o governo não pode "confirmar nada do teatro de operações".
Blair, principal aliado dos EUA no conflito, reconheceu que havia oposição doméstica à guerra contra o Iraque, mas disse que os britânicos se uniriam no apoio às suas forças armadas.
O premiê tem enfrentado pressões de dentro e de fora do gabinete devido a sua posição favorável à guerra. A última pesquisa de opinião nacional, publicada na terça-feira, mostrou que 44% dos britânicos se opunham e 38% a apoiavam, mas sugeria que o apoio estava crescendo. Ainda assim, um ato pacifista ontem juntou cerca de 5.000 pessoas em frente à Câmara dos Comuns.

Palestina
Blair afirmou que o compromisso do Reino Unido com o esforço humanitário no período posterior à queda de Saddam seria total, com os lucros da indústria petroleira iraquiana depositados num fundo das Nações Unidas para benefício do país. Disse ainda que Londres e Washington estão olhando além do Iraque.
"O presidente Bush e eu nos comprometemos com a paz no Oriente Médio baseada num Estado de Israel seguro e num Estado Palestino viável", declarou, de sua casa em Downing Street. "Lutaremos para que isso aconteça."
Segundo Blair, ditadores como Saddam e organizações como a Al Qaeda ameaçam a própria existência de um mundo estável. "Por isso eu pedi às tropas que entrassem em ação esta noite", afirmou. "O Reino Unido nunca foi uma nação de se esconder e, mesmo se fosse, isso não nos salvaria."