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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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CONTRA-ATAQUE

Alvos são região fronteiriça, em que há tropas dos EUA e do Reino Unido, e capital

Iraque lança mísseis contra Kuait

DA REDAÇÃO

Pelo menos nove mísseis, segundo a rede CNN, foram disparados ontem pelo Iraque em direção ao Kuait em represália ao início da ofensiva norte-americana. Os mísseis tinham como alvo a região na fronteira dos dois países, ocupada por tropas dos EUA e do Reino Unido, e a capital kuaitiana, Al Kuait, informaram o governo local e oficiais da coalizão.
Havia divergência acerca do número de mísseis disparados pelas forças iraquianas. Os relatos da rede CNN tiveram como fontes jornalistas que acompanhavam os militares dos EUA. Até o fechamento desta edição, o governo kuaitiano confirmava que seis mísseis tinham alcançado seu território, entre eles dois Scuds -mais dois artefatos, segundo o Kuait, teriam caíram no mar, próximo à região de Al Shuaiba, que concentra uma série de refinarias e está a 80 km ao sul da capital.
Outras fontes sustentavam que foram 15 os mísseis lançados pelos iraquianos, em duas ofensivas: seis pela manhã e nove à tarde.
O pequeno emirado, que divide uma fronteira de 242 quilômetros com o Iraque, tem sido um dos maiores aliados dos norte-americanos no Oriente Médio desde a Guerra do Golfo, em 1991, quando os EUA libertaram o Kuait de sete meses de ocupação iraquiana.
Um dos artefatos (um míssil tático balístico) caiu próximo a uma posição militar em Mutla, 30 km ao norte da capital kuaitiana. Soldados britânicos e norte-americanos almoçavam no momento em que soou a sirene de ataque, seguida de uma ordem para que colocassem suas máscaras antigás e roupas de proteção. Mas, de acordo com oficiais dos EUA e do Kuait, não havia indícios de que os mísseis disparados pelo Iraque portassem esses agentes.
O míssil que caiu próximo ao batalhão de infantaria, segundo os norte-americanos, seria do tipo Al Samoud 2. Durante as inspeções realizadas pela ONU no Iraque semanas atrás, o chefe dos inspetores, o sueco Hans Blix ordenou que os Al Samoud 2 fossem destruídos porque, assim como algumas versões do Scud, teriam alcance superior a 150 quilômetros -o que violava o acordo de desarmamento assinado por Bagdá ao final da Guerra do Golfo.
Ainda durante as inspeções, Blix admitiu que era questionável se os iraquianos tivessem de fato destruído esses mísseis. Nas primeiras horas pós o ataque, as autoridades iraquianas não negaram terem atacado o país vizinho, mas sustentaram que não mantêm Scuds em seu arsenal. Já no início da madrugada (de hoje no Iraque), o comando central militar iraquiano admitiu que disparou ""no mínimo" dois Scuds -e que foram interceptados.
Na guerra de 1991, os iraquianos haviam lançado 39 Scuds contra Israel -até à noite, esse estratégia não havia se repetido, mas as autoridades israelenses pediram à população que passasse a portar máscaras antigás.

O começo
Por volta das 12h30, hora local, sirenes de alerta soaram em toda a cidade de Al Kuait, e a programação das TVs foi interrompida para divulgação de alertas para que a população não circulasse nas ruas. Escolas, prédios públicos e outros estabelecimentos fecharam as portas, enquanto o aeroporto do emirado seguiu em funcionamento, embora a maioria dos vôos tenha sido cancelada.
Mais tarde, o porta-voz do Exército, coronel Youssef al Mullah, informava que dois mísseis Scuds foram derrubados por três mísseis do sistema antimíssil Patriot, instalado pelas forças norte-americanas. E que os demais artefatos não atingiram áreas povoadas.
Ao longo do dia - até a madrugada no Kuait-, as sirenes de alerta de ataques ressoaram pelo menos oito vezes na capital.
Soldados kuaitianos e iraquianos teriam se enfrentado na fronteira, de acordo com chefes militares do Kuait. O confronto ocorreu na parte norte da fronteira, relatou o general kuaitiano Abdel Rahman al Othman.


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