São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2005

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PERFIL

Presidente deposto liderou golpe em 2000

DA REDAÇÃO

O ex-presidente Lucio Gutiérrez, 48, assumiu o governo do Equador em 15 de janeiro de 2003 após liderar manifestações que levaram à queda de um presidente e, mais tarde, vencer as eleições nacionais. Nunca assumiu ter participado de um golpe de Estado, mas afirmou que esse recurso, em alguns casos, poderia ser considerado "legítimo".
O militar ficou conhecido em todo o país em 2000, ao apoiar protestos contra o então presidente Jamil Mahuad, acusado de corrupção e criticado por sua política econômica. Apesar de receber ordens para conter o protesto, o então coronel Gutiérrez apoiou os manifestantes e assumiu a liderança de uma frente de forças políticas de esquerda e centro-esquerda e movimentos sociais.
Ao lado de lideranças populares formou um governo de "salvação nacional". Gutiérrez nega ter liderado um golpe. "Um golpe de Estado é feito pelas elites políticas, militares ou econômicas. Aqui o povo se rebelou", afirmou. O grupo, porém, foi rapidamente deposto pelas Forças Armadas, que prenderam Gutiérrez por seis meses e empossaram o vice-presidente Gustavo Noboa.
Deixou o Exército e concorreu à presidência em 2002 como candidato do partido Sociedade Patriótica 21 de Janeiro, cujo nome homenageava o golpe malsucedido. Em entrevista à Folha, em outubro de 2002, quando questionado se acreditava que um golpe pudesse ser legítimo em algumas ocasiões respondeu: "Claro. Na Constituição equatoriana, no artigo 4, parágrafo 6º, está claramente definido que o Equador reconhece o direito que os povos têm de se rebelar contra governos opressivos. E você sabe que a corrupção, a injustiça social e a impunidade são formas de opressão."
Prometeu combater a corrupção e implementar reformas econômicas. Venceu seu adversário, o milionário Álvaro Noboa, no 2º turno, com 55% dos votos. Na época, foi comparado ao presidente venezuelano, Hugo Chávez.
A crise com o eleitorado começou logo que ele adotou posições inconsistentes com seus antigos discursos, como o apoio a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e medidas econômicas conservadoras.
Gutiérrez nasceu em 23 de março de 1957, em Quito, mas cresceu em Tena. Se formou em engenharia civil, com especialização em administração. Fez também cursos militares no Rio de Janeiro, Brasil, e em Washington, EUA. É casado com Ximena Bohórquez com quem tem duas filhas.


Com agências internacionais

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