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Polícia invade casa de aliado dos EUA
DA REDAÇÃO
Policiais iraquianos acompanhados de soldados dos EUA invadiram e revistaram ontem a casa e dois escritórios de Ahmed
Chalabi, integrante do Conselho
de Governo Iraquiano que, no
passado, chegou a ser cotado por
Washington para liderar o novo
governo do país. Três seguranças
foram presos, e computadores e
documentos foram apreendidos.
A rede de TV CBS, citando "autoridades graduadas do governo
americano", disse que Chalabi teria passado informações secretas
sobre os EUA para o Irã. "As provas mostram que Chalabi deu
pessoalmente a membros da inteligência iraniana informações tão
sensíveis que... poderiam causar a
morte de americanos", disse a rede em um noticiário noturno.
Não houve confirmação independente da notícia.
Os EUA não mantêm relação
diplomática com o Irã, país que o
presidente George W. Bush colocou no chamado "Eixo do Mal"
com o Iraque e a Coréia do Norte.
Na terça-feira, Washington
anunciara a suspensão de um auxílio de US$ 340 mil mensais ao
Congresso Nacional Iraquiano,
grupo liderado por Chalabi que
fazia, do exílio, oposição à ditadura de Saddam Hussein. Segundo
relatório do Congresso, o Departamento de Estado deu ao iraquiano US$ 33 milhões desde
março de 2000. O Pentágono e
outras agências do governo também fizeram doações.
Mas, desde a derrubada do regime, em abril de 2003, o líder do
CNI -impopular em seu país-
vem perdendo prestígio junto à
administração americana.
Chalabi, um empresário xiita
sentenciado a 22 anos de prisão
na Jordânia por seu envolvimento
em um escândalo bancário em
1992, foi uma das principais fontes de informação para os EUA
sobre o suposto arsenal de destruição em massa de Saddam, até
hoje não encontrado. Muito do
que ele dissera se mostrou falso.
Autoridades dos EUA reclamam também de sua interferência na investigação que apura a
corrupção no programa de troca
Petróleo por Comida, gerido pela
ONU durante os 13 anos em que o
Iraque esteve submetido a sanções econômicas, de 1991 a 2003.
"Perseguição"
O porta-voz da Autoridade Provisória da Coalizão, Dan Senor,
disse que a operação de ontem
não tem relação com o inquérito.
O governo americano, entretanto,
não revelou o motivo da busca.
O empresário acusou os EUA de
persegui-lo politicamente por discordar da proposta de Washington para a transição iraquiana.
"Minha casa foi atacada", disse ele
em uma entrevista coletiva. "Somos amigos da América. Mas,
quando a América trata seus amigos assim, ela se mete em problemas", afirmou, dizendo que a polícia invadiu seu quarto com pistolas e o acordou. Além de documentos do programa da ONU e
de cartas do conselho de governo,
teria sido apreendida uma "cópia
valiosa do Alcorão".
Indagado sobre como definiria
sua atual relação com a Autoridade Provisória da Coalizão, Chalabi respondeu: "Inexistente".
"Agora eu estou exigindo políticas para libertar o povo iraquiano
e para dar ao país total soberania,
colocando as coisas de uma forma
que eles [as autoridades americanas] não gostam", disse. Os EUA
defendem que o governo interino
iraquiano, que assumirá o país
em 30 de junho, goze apenas de
soberania parcial.
O porta-voz do Departamento
de Estado americano, Richard
Boucher, afirmou que as razões
da invasão "são claramente investigativas, não políticas". Já o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse que "não sabia que haveria buscas em uma residência"
e pediu que as perguntas fossem
feitas a autoridades iraquianas.
Com agências internacionais
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