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VENEZUELA
Presidente reage a marcha de oficiais reformados e a rumores de golpe
Chávez diz que "milhões" o defenderão
DA REDAÇÃO
Centenas de militares reformados marcharam ontem pelo centro de Caracas pedindo a renúncia do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Em resposta, o líder
venezuelano disse que "milhões" de pessoas defenderão a sua "revolução", que, ao seu ver, pode ser alvo a qualquer momento de um novo golpe.
Em abril, um movimento que reuniu empresários, políticos de
oposição e setores das Forças Armadas conseguiu afastar Chávez
do poder por 48 horas. Ele acabou
sendo reconduzido ao cargo por
militares leais, mas o país segue
vivendo instabilidade política.
Acompanhados de milhares de
antichavistas, os oficiais se dirigiram ao palácio de Miraflores.
Vestiam trajes civis, embora alguns estivessem de boina ou carregassem uniformes nas mãos.
Eles haviam prometido caminhar de uniforme, mas desistiram
após discutir a questão com grupos civis de oposição.
"Vamos ver se conseguimos sair
desse pesadelo que é Hugo Chávez", disse o coronel reformado
Hidalgo Valero, um dos organizadores do protesto.
Numa aparição pública inesperada, a oeste da capital, Chávez
declarou: "Não percam de vista a
situação nacional, porque a qualquer momento podem nos golpear como em 11 de abril".
E acrescentou: "Chamo o povo
para que não caia na armadilha
dos rumores e que estejamos
prontos para defender com nossa
vida o futuro da Venezuela: a revolução bolivariana".
Esse é o termo cunhado por
Chávez para descrever seu projeto
de reforma social do país -a pobreza afeta 70% dos 23 milhões de
habitantes. A oposição critica, entre outros pontos, a sua política
econômica e métodos autoritários -ex-militar, o presidente foi
eleito pelo voto direto.
Pressão antiga
Nove semanas após o golpe de
abril, a Venezuela está dividida
sobre as causas que levaram ao
afastamento do presidente. As
circunstâncias que provocaram a
morte de 17 pessoas em marcha
contra Chávez também são motivo de controvérsias.
Mesmo antes do episódio, o
presidente já sofria críticas de setores do Exército. Diversos oficiais saíram a público no início do
ano para acusar Chávez de populismo e atacar a sua "revolução".
Embora já tenha exonerado
parte dos militares que não se
provaram leais ao governo no golpe de abril, ainda há sinais de descontentamento nas Forças Armadas.
A oposição tenta tirar proveito disso. Detentora de quase todos
os meios de comunicação, faz circular rumores de golpe, críticas e
ameaças, quase sempre anônimas, de oficiais a Chávez. Segundo o presidente, a oposição alimenta a instabilidade política, à
espera de que uma rebelião o derrube.
Chávez afirmou ontem que todas as Forças Armadas estão dispostas a defender a institucionalidade.
"Todos eles estão dispostos a dar tudo pelo povo venezuelano", declarou. E aproveitou para ameaçar quem trama contra o governo. "Aqueles que continuam pensando que os militares vão se prestar a derrubar Chávez devem prestar atenção ao que aconteceu àqueles que traíram o povo em abril", disse o presidente.
Com agências internacionais
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