São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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ESCALADA VERBAL

Ameaça do ministro da Defesa aumenta tensão no Oriente Médio; país é suspeito de produzir a bomba

Irã diz que ataca Israel se reator nuclear for atingido

DA REDAÇÃO

O ministro da Defesa do Irã, Ali Shamkhani, declarou ontem que seu país poderá lançar ataques preventivos contra Israel para proteger a integridade de suas instalações nucleares.
"Não permaneceremos sentados e com as mãos atadas até que alguém nos atinja", disse ele, em entrevista à televisão Al Jazira, ao ser indagado sobre de que forma reagiria se os EUA ou Israel atacassem seus reatores atômicos.
"Qualquer ataque a nossas instalações será considerado como uma agressão ao Irã e respondido de modo conseqüente", afirmou.
As declarações ocorrem em meio a rumores de que Israel poderá danificar os equipamentos nucleares iranianos, a exemplo do que fez com o Iraque, em 1981.
Segundo a agência Reuters, muitos diplomatas e especialistas em defesa acreditam que um possível ataque atrasaria, mas não comprometeria definitivamente, o programa atribuído ao Irã de produzir artefatos nucleares.
Os EUA estão certos de que o Irã tem propósitos bélicos, embora o regime islâmico insista que pretende apenas produzir eletricidade com seus reatores.
O Reino Unido, a Alemanha e a França se opõem por enquanto a uma solução de força, que os EUA já chegaram a cogitar.
Como o ministro iraniano se referiu a Israel, que supostamente também possui ogivas nucleares como forma de dissuadir seus vizinhos árabes da violação de seu território, o episódio se tornou, segundo a Associated Press, um novo complicador regional.
Ainda de acordo com a AP, Israel não deseja uma escalada das tensões. Mesmo assim, estaria preparado para evitar que instalações nucleares iranianas pudessem produzir um artefato militar.
Embora não se acredite a curto prazo em gestos hostis de lado a lado, o Irã está numa escalada retórica, enquanto Israel procura isolar diplomaticamente Teerã.
No início de agosto os iranianos confirmaram estar construindo centrifugadoras utilizadas para o enriquecimento de urânio. À AIEA, órgão da ONU para o controle e a fiscalização da energia atômica, o Irã tem afirmado que procura apenas produzir combustível para finalidades civis.
EUA e Israel testaram em julho um míssil capaz de atingir o Irã.


Com agências internacionais


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