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GUERRA SEM LIMITES
Democrata teve problemas para embarcar em vôos porque seu nome se parecia com o usado por suspeito
Ted Kennedy é confundido com terrorista
RACHEL L. SWARNS
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
A reunião tinha tudo para ser
uma audiência como outra qualquer no Congresso. O senador democrata pelo Estado de Massachusetts Edward Kennedy discutia os problemas enfrentados por
cidadãos comuns cujos nomes
aparecem por engano em listas de
suspeitos de terrorismo.
Então, para o espanto do público presente à audiência do Comitê do Judiciário no Senado, na
quinta-feira, o próprio Kennedy
se ofereceu como exemplo.
De 1º de março a 6 de abril,
agentes de companhias aéreas
tentaram impedir o senador de
embarcar em aviões em cinco
ocasiões. Tudo isso porque seu
nome se assemelha ao nome falso
utilizado por um suspeito de terrorismo que foi proibido de fazer
viagens de avião nos Estados Unidos, disseram seus assessores e
funcionários do governo.
Em lugar de reconhecer o senador septuagenário e grisalho como sendo o líder no Congresso
cujo rosto aparece na televisão
americana há décadas, os agentes
das companhias de aviação civil o
trataram como se tivessem topado com um fanático que poderia
explodir um avião americano.
Descrevendo para o público
atento um de seus encontros com
um funcionário de uma empresa
de aviação norte-americana, Ted
Kennedy relatou: ""Ele disse: "O senhor não pode comprar uma passagem para Boston pela companhia". Perguntei: "Por que não?"
Ele falou: "Não podemos lhe dizer
a razão"."
Barrados por semelhança
Ted Kennedy afirmou que a sua
situação realça a odisséia vivida
por pessoas cujos nomes aparecem por engano nas listas de suspeitos de terrorismo ou se assemelham aos nomes de suspeitos
que constam dessas listas.
Em abril, a União Americana
em Defesa das Liberdades Civis
(ACLU) processou o governo federal em nome de sete passageiros que afirmaram ter sido colocados erroneamente nessas listas
de pessoas não autorizadas a voar
e disseram que não conseguem
encontrar uma maneira de limpar
os seus nomes.
No caso do senador Ted Kennedy, supervisores das companhias aéreas acabaram por passar
por cima das objeções, em todos
os casos, e permitir que ele embarcasse. Mas, segundo os assessores do senador, o Departamento de Segurança Nacional levou
várias semanas para resolver a
questão completamente.
No início de abril, o secretário
da Segurança Nacional, Tom Ridge, telefonou a Kennedy para pedir desculpas e prometer que o
problema seria resolvido. Poucos
dias mais tarde, porém, mais um
representante de companhia área
tentou impedir o senador de embarcar em um avião.
Segundo David Smith, porta-voz do senador, o nome falso usado pelo suspeito de terrorismo
cujo nome constava da lista era
Edward Kennedy.
Asa Hutchinson, do Departamento da Segurança Nacional,
disse que viajantes que enfrentam
problemas desse tipo devem contatar o ombudsman da Administração de Segurança nos Transportes, uma divisão da Segurança
Nacional, que os ajudará a fazer o
que for preciso para limpar os
seus nomes.
Na segunda-feira, Hutchinson
disse ao Congresso que autoridades da Segurança Nacional pretendem assumir o trabalho de
checagem dos nomes de passageiros. Hoje o trabalho está a cargo
das companhias aéreas, para assegurar que suspeitos de terrorismo
não embarquem em aviões e que
a polícia seja notificada prontamente sobre quaisquer riscos potenciais à segurança.
Falta informação
As pessoas que defendem o endurecimento dos procedimentos
de verificação de passageiros disseram que o sistema atual é ineficaz. O argumento se baseia em
que o governo não dá às companhias aéreas um conjunto completo de listas de nomes a vigiar,
em parte porque essas informações são consideradas sigilosas.
Advogados que representam a
ACLU disseram que a demora do
governo e das companhias aéreas
a reagir aos esforços de Ted Kennedy para limpar seu nome evidenciam o absurdo do sistema de
proibição de vôo. ""Isso só vem
confirmar tudo o que criticávamos em primeiro lugar", comentou Reginald Shulford, da ACLU.
""Se você é Ted Kennedy, pode pedir ajuda a um amigo. Se é um cidadão comum, não pode. Você
pode reclamar no Departamento
de Segurança Nacional, mas isso
não adianta."
Tradução de Clara Allain
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