São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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Caminhão-bomba mata ao menos 60 em hotel paquistanês

O Marriott é freqüentado principalmente por estrangeiros na capital Islamabad; autoria ainda não foi reivindicada

Número de mortos deverá subir, já que ao menos 15 pessoas encontravam-se bloqueadas pelo incêndio

DA REDAÇÃO

Um caminhão-bomba lançado ontem contra o hotel Marriott, em Islamabad, matou ao menos 60 pessoas e feriu outras 250 no mais mortífero ataque desde que o Paquistão uniu-se aos EUA na guerra ao terror, em 2001. Os mortos devem aumentar, já que ao menos 15 hóspedes e funcionários ficaram retidos pelo incêndio no luxuoso prédio de seis andares.
Segundo um segurança do hotel, citado pela agência local APP, o caminhão continha uma tonelada de explosivos, e a sua detonação, ouvida a quilômetros de distância, abriu uma cratera de dez metros de largura e dois de profundidade. As cabines dos agentes de segurança foram soterradas.
Uma testemunha disse que dois focos de incêndio passaram a consumir o prédio do hotel, que pertence a uma rede americana. O fogo aos poucos se alastrou para todos os andares, dos quais algumas pessoas se atiravam, segundo relatos. Ontem, ainda havia risco de desabamento. Também queimavam cerca de 20 automóveis estacionados no pátio dianteiro.
Um dos guardas particulares do local, Mohammad Nasir, disse ter visto um caminhão que se aproximava da barreira que dá acesso ao pátio. O veículo se chocou contra algum obstáculo, por frações de segundo começou a se incendiar, e, em seguida, ouviu-se enorme explosão que também arrebentou vidraças de prédios vizinhos no raio de uma centena de metros.
Policiais e equipes de socorristas passaram a alinhar no chão os corpos retirados de dentro do hotel, que tem 290 apartamentos e é freqüentado basicamente por estrangeiros na capital do Paquistão.
O Marriott fica próximo à avenida onde estão os principais prédios de Islamabad, entre os quais o Parlamento, a Presidência e a residência oficial do primeiro-ministro, Yousuf Raza Gilani.
O Marriott foi construído ao pé das colinas de Margalla, junto ao centro da cidade. Algumas testemunhas afirmaram que o teto do restaurante do térreo desabou com a explosão e que boa parte dos mortos foi surpreendida no ambiente.

Resposta terrorista
Apesar de a autoria do atentado não ter sido reivindicada até o fechamento da edição, as suspeitas recaem sobre a rede terrorista Al Qaeda e o Taleban, o qual vem sendo alvo de investidas militares americanas em território paquistanês, próximo à fronteira com o Afeganistão, e do próprio governo do Paquistão. Especula-se que o ataque possa ser um alerta para Islamabad no seu declarado intuito de preservar a aliança com Washington.
O governo do Paquistão tem bombardeado as regiões na fronteira com o Afeganistão, onde estão os santuários dos grupos radicais islâmicos Taleban e Al Qaeda. Mas há também radicalismo muçulmano nas regiões urbanas paquistanesas, tornando difícil prever qual grupo praticou o atentado.
O recém-eleito presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, em pronunciamento televisivo, prometeu extirpar o "câncer" do terrorismo do país. O governo decretou estado de alerta máximo por todo o Paquistão.
Os atos de terrorismo são freqüentes. Segundo a Reuters, os últimos quatro carros-bombas mataram 45 pessoas.
Em janeiro do ano passado um policial conseguiu bloquear um homem-bomba que tentava se aproximar do Marriott. O terrorista se explodiu, matando o policial e sete outras pessoas que estavam nas imediações.


Com agências internacionais


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