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IRAQUE NA MIRA
Governo Bush iniciou articulações diplomáticas e militares para ter tudo pronto caso as inspeções fracassem
EUA seguem preparativos para guerra
DO "THE NEW YORK TIMES"
A administração Bush está iniciando uma série de passos diplomáticos e militares que precisam
ser completados antes que os
EUA possam travar a guerra no
Iraque, disseram funcionários
americanos e de países aliados. As
tarefas, algumas das quais podem
levar semanas ou até meses, incluem formalizar os papéis dos
aliados dos EUA numa possível
ofensiva, desencorajar os países
vizinhos do Iraque de lançar ataques próprios contra Bagdá e decidir se será o caso de pedir o
apoio da ONU ao ataque. Se algum desses objetivos deixar de ser
alcançado, o início da guerra poderá ser complicado ou adiado.
A administração está agindo
com urgência para alcançar seus
objetivos, antes mesmo de começarem as inspeções de armas ordenadas pela ONU. Uma das metas é criar uma ameaça de força
convincente, capaz de pressionar
o ditador iraquiano, Saddam
Hussein, a obedecer à nova resolução do Conselho de Segurança
da ONU. A outra principal razão
pela qual Washington quer agir
rapidamente é o desejo de estar
pronto para entrar em combate
antes do início da estação do calor
no país, em março ou abril.
Diplomatas americanos intensificaram o diálogo com dois aliados importantes, Turquia e Israel,
para convencê-los a permanecer
de lado durante uma possível invasão do Iraque. Sem alarde e em
vários casos por meio de canais
informais, Washington também
vem discutindo com o Irã a possibilidade de o país impedir a maioria xiita no Iraque de tentar assumir o controle de Bagdá ou formar um Estado separado, no caso
de Saddam (sunita) cair.
Se Saddam desafiar os inspetores de armas ou criar obstáculos
ao seu trabalho, Washington terá
de decidir se pede a aprovação da
ONU para um ataque. Funcionários da administração disseram
que Bush gostaria de contar com
o apoio do Conselho de Segurança -desde que fosse possível obtê-lo num prazo curto. Os esforços diplomáticos para estabelecer
a base para essa aprovação rápida
estão em fase preliminar.
Oficiais militares de alto escalão
disseram que uma parte do contingente total de cerca de 250 mil
homens necessários para dar início a um ataque por ar, terra e mar
pode estar pronta para entrar em
ação em até 30 dias depois de receber a ordem de Bush. Mas o
momento escolhido para uma
possível ofensiva vai depender do
resultado das inspeções de armas.
"Estamos fazendo preparativos
diariamente", disse o vice-secretário da Defesa, Paul D. Wolfowitz, na sexta-feira. "Não quero
começar a dizer exatamente
quando vamos estar com um nível ótimo de preparo, mas seria
um grave engano alguém subestimar nossa capacidade de entrar
em ação, se necessário."
O governo já começou a discutir
com dezenas de países as bases
para um possível ataque. Numa
série de reuniões e conversas telefônicas recentes, conduzidas em
Washington e no exterior, autoridades americanas vêm pedindo a
ajuda tanto de aliados quanto de
antagonistas. Em troca de promessas de cooperação, estão recebendo listas de exigências.
A Turquia, país da Otan que
possui várias bases cruciais para
as tropas americanas, vem sendo
alvo das maiores atenções dos
EUA. Ancara quer garantias de
que os curdos que vivem no norte
do Iraque não aproveitarão o momento para tentar formar um Estado separado. A Turquia teme
que a ação possa incentivar os separatistas curdos turcos. Atendendo a pedido turco, Washington também está pressionando os
países europeus a aceitar a Turquia na União Européia. E a Turquia, uma das maiores parceiras
comerciais do Iraque, quer ser
compensada por perdas econômicas causadas por um conflito.
O premiê israelense, Ariel Sharon, prometeu retaliar se Saddam
lançar mísseis contra Israel. Se o
fizesse, enfraqueceria o apoio de
Estados árabes moderados à possível invasão americana, podendo
desencadear uma guerra regional.
Para mitigar os receios de Israel,
Bush aprovou um plano pelo qual
forças americanas tomariam terras no oeste do Iraque e destruiriam os mísseis Scud capazes de
alcançar cidades israelenses.
Israel, por sua vez, pediu aos
EUA ajuda na resolução de uma
disputa com o Líbano e a Síria envolvendo acesso a fontes de água.
As conversações diplomáticas
estão estreitamente ligadas ao
deslocamento de tropas.
Diplomatas e altos oficiais militares americanos, incluindo o general Tommy Franks, comandante das forças americanas na região
do golfo Pérsico, vêm percorrendo a Europa e o sudeste da Ásia
para discutir acordos para o uso
de bases militares e para determinar que países poderiam contribuir com tropas e equipamentos.
Franks disse que os EUA ainda
não fizeram pedidos formais. Mas
vários países já deram garantias
informais de que vão fornecer
tropas, equipamentos e bases. A
Arábia Saudita, maior aliado dos
EUA no golfo Pérsico durante a
Guerra do Golfo (91), vem emitindo sinais conflitantes sobre se autorizará o uso de importante centro de operações aéreas.
Tommy Franks montou um
posto de comando alternativo em
Qatar, e outros países, desde o
Kuait até Omã, podem colaborar
se os sauditas proibirem a presença de forças dos EUA e aliados.
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