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São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

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EUROPA

Partido antiimigração foi bem em 2002, após líder ser assassinado, mas causou colapso do governo; judeu pode ser novo premiê

Holanda vai às urnas e deve derrotar extrema direita

DA REDAÇÃO

Ao votar hoje na segunda eleição parlamentar em oito meses, os holandeses deverão descartar o partido do político de extrema direita Pim Fortuyn (assassinado em 2002) e reconduzir ao poder partidos tradicionais para superar meses de instabilidade num dos países mais ricos da Europa.
O partido antiimigração de Pim Fortuyn obteve 26 cadeiras no Parlamento em maio passado (segunda maior bancada), poucos dias depois de seu líder sofrer um atentado fatal, o que provocou intensa comoção no país. Fortuyn (pronuncia-se Fortein) foi morto a tiros por um ativista pró-direitos dos animais por motivos até hoje desconhecidos.
Seu partido, chamado apenas de Lista Pim Fortuyn e quase inexistente até então, juntou-se aos democrata-cristãos e liberais para formar um governo de direita, que durou apenas 87 dias, devido a uma disputa entre dois ministros da Lista. Desde então, o grupo viu seu apoio erodir e, segundo pesquisa, obterá sete vagas hoje.
Segundo analistas, desde a morte de Fortuyn -um sociólogo de 54 anos, homossexual assumido e carismático, que propunha um endurecimento das leis de imigração e do combate à criminalidade e a recuperação dos serviços públicos-, seu partido não achou um líder popular. E não superou a imagem de um partido de protesto incapaz de ser governo.
Os favoritos hoje são os trabalhistas, cujo líder, Wouter Bos, é um ex-executivo da Shell (multinacional de origem holandesa). O partido esteve no governo por oito anos, mas foi derrotado em maio. Se vencer, deverá propor uma coalizão com o atual premiê, o democrata-cristão Jan Peter Balkenende (que segue no cargo apesar do colapso do governo).
Nesse caso, a Holanda terá um governo de trabalhistas (centro-esquerda) e democrata-cristãos (centro-direita), ambos partidos tradicionais, o que sinaliza o desejo da população de eleger um gabinete que não traga surpresas.
Outra opção seria um gabinete de democrata-cristãos e liberais, mas os dois partidos não deverão garantir maioria suficiente.
Segundo pesquisa da TV holandesa Nova, os trabalhistas obterão 42 cadeiras, os democrata-cristãos terão 40 vagas e os liberais, 29. O Parlamento tem 150 vagas. Há 33% de indecisos.

Premiê judeu
Mas a grande novidade poderá ser a eleição de um judeu como premiê. O trabalhista Bos já disse que não quer o cargo, e seu partido indicou o prefeito de Amsterdã, Job Cohen. Seria a primeira vez na história que um judeu lideraria a Holanda. Mais de 70% dos habitantes judeus do país morreram em campos de extermínio nazistas durante a Segunda Guerra. Entre eles, os avós de Cohen.
A Holanda é uma monarquia parlamentarista, com 16 milhões de habitantes. Ocupa o 8º lugar no IDH - Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que mede o desenvolvimento do país com base na expectativa de vida, no nível educacional e na renda. O Brasil ocupa a 73ª posição.


Com agências internacionais

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