São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Bush e Chirac pedem que Damasco retire suas forças do Líbano, onde ato contra ocupação reuniu milhares

Cresce pressão anti-Síria nos EUA e na Europa

DA REDAÇÃO

Os EUA e a Europa intensificaram a pressão contra a ocupação síria do Líbano no mesmo dia em que dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Beirute para exigir que Damasco retire suas forças e pare de controlar a política do país dos cedros.
A Síria é acusada pela oposição libanesa de ser responsável pelo assassinato do premiê libanês Rafik Hariri (1992-98 e 2000-04) na semana passada em atentado no centro de Beirute. O governo sírio nega envolvimento.
Americanos e franceses não acusam abertamente o regime do ditador Bashar al Assad, mas está claro pela atitude dos dois países que a Síria é a principal suspeita de ter matado o bilionário libanês, que, no ano passado, renunciou ao seu cargo e passou a se opor à ocupação síria.
O presidente dos EUA, George W. Bush, e o da França, Jacques Chirac, divulgaram comunicado conjunto, após encontro em Paris, pedindo um Líbano "livre da dominação estrangeira", em clara referência à Síria. Tanto o Líbano quanto a Síria foram governados pela França até os anos 40.
O texto dos dois presidentes acrescenta que a eleição parlamentar de maio no Líbano "deve ser um marco do retorno à independência e à democracia" e que o pleito deve ser "conduzido sem interferência externa", em referência indireta à Síria.
Pouco antes, Bush classificou a Síria de "vizinho opressor do Líbano" e insistiu em que Damasco "encerre a ocupação" do território libanês. Os EUA retiraram a sua embaixadora de Damasco na semana passada após o atentado.
"Nosso compromisso com o progresso da democracia está sendo testado no Líbano, um país que agora sofre com a influência de um vizinho opressor", disse o presidente americano. Há uma resolução aprovada em 2004 no Congresso dos EUA que exige a retirada da Síria do Líbano.
Em comunicado separado, ministros da União Européia pediram "uma investigação internacional o mais breve possível para esclarecer as circunstâncias em que ocorreu o ataque contra Hariri e quem são os autores".
Na manifestação de ontem, libaneses entoavam gritos anti-Síria assim como na semana passada, no enterro de Hariri, quando cerca de 200 mil pessoas estiveram presentes. Membros de todas as religiões participaram do ato de ontem na capital libanesa.
Em novembro do ano passado, cerca de 100 mil libaneses foram a um protesto pró-Síria.
A manifestação de ontem foi importante não apenas pelo número de pessoas que se reuniu como também porque o ato contra a Síria foi realizado em Beirute sem que tenha ocorrido repressão por parte das forças do governo libanês, leais a Damasco.
"Síria fora" e "A verdade aparecerá, não podemos permanecer controlados pela Síria", diziam os manifestantes libaneses.
Opositores à presença síria no Líbano vêm acusando abertamente o regime de Assad pelo assassinato de Hariri.
Em Damasco, o líder da Liga Árabe, o egípcio Amr Moussa, disse que Assad admitira, em encontro na capital síria, que, em breve, seriam dados passos para a retirada da Síria. Mas Moussa não disse quais nem quando.
A Síria mantém cerca de 14 mil soldados no Líbano, a maior parte deles no vale do Bekaa. O número é menos de um terço do total de militares de Damasco que já estiveram em Beirute.
A ministra síria Buthaina Shaaban descreveu a morte de Hariri como "um horrível ato terrorista" e criticou os que tentam usar o ataque contra a Síria.
"A Síria sempre foi um parceiro positivo e construtivo na região. O que ocorre hoje é extremamente perigoso, e os EUA devem passar a enxergar a Síria como uma parceira", acrescentou a ministra em entrevista à rede CNN.


Com agências internacionais


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