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ORIENTE MÉDIO
Bush e Chirac pedem que Damasco retire suas forças do Líbano, onde ato contra ocupação reuniu milhares
Cresce pressão anti-Síria nos EUA e na Europa
DA REDAÇÃO
Os EUA e a Europa intensificaram a pressão contra a ocupação
síria do Líbano no mesmo dia em
que dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Beirute para exigir que Damasco retire suas
forças e pare de controlar a política do país dos cedros.
A Síria é acusada pela oposição
libanesa de ser responsável pelo
assassinato do premiê libanês Rafik Hariri (1992-98 e 2000-04) na
semana passada em atentado no
centro de Beirute. O governo sírio
nega envolvimento.
Americanos e franceses não
acusam abertamente o regime do
ditador Bashar al Assad, mas está
claro pela atitude dos dois países
que a Síria é a principal suspeita
de ter matado o bilionário libanês,
que, no ano passado, renunciou
ao seu cargo e passou a se opor à
ocupação síria.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, e o da França, Jacques
Chirac, divulgaram comunicado
conjunto, após encontro em Paris, pedindo um Líbano "livre da
dominação estrangeira", em clara
referência à Síria. Tanto o Líbano
quanto a Síria foram governados
pela França até os anos 40.
O texto dos dois presidentes
acrescenta que a eleição parlamentar de maio no Líbano "deve
ser um marco do retorno à independência e à democracia" e que
o pleito deve ser "conduzido sem
interferência externa", em referência indireta à Síria.
Pouco antes, Bush classificou a
Síria de "vizinho opressor do Líbano" e insistiu em que Damasco
"encerre a ocupação" do território libanês. Os EUA retiraram a
sua embaixadora de Damasco na
semana passada após o atentado.
"Nosso compromisso com o
progresso da democracia está
sendo testado no Líbano, um país
que agora sofre com a influência
de um vizinho opressor", disse o
presidente americano. Há uma
resolução aprovada em 2004 no
Congresso dos EUA que exige a
retirada da Síria do Líbano.
Em comunicado separado, ministros da União Européia pediram "uma investigação internacional o mais breve possível para
esclarecer as circunstâncias em
que ocorreu o ataque contra Hariri e quem são os autores".
Na manifestação de ontem, libaneses entoavam gritos anti-Síria assim como na semana passada, no enterro de Hariri, quando
cerca de 200 mil pessoas estiveram presentes. Membros de todas
as religiões participaram do ato
de ontem na capital libanesa.
Em novembro do ano passado,
cerca de 100 mil libaneses foram a
um protesto pró-Síria.
A manifestação de ontem foi
importante não apenas pelo número de pessoas que se reuniu como também porque o ato contra a
Síria foi realizado em Beirute sem
que tenha ocorrido repressão por
parte das forças do governo libanês, leais a Damasco.
"Síria fora" e "A verdade aparecerá, não podemos permanecer
controlados pela Síria", diziam os
manifestantes libaneses.
Opositores à presença síria no
Líbano vêm acusando abertamente o regime de Assad pelo assassinato de Hariri.
Em Damasco, o líder da Liga
Árabe, o egípcio Amr Moussa,
disse que Assad admitira, em encontro na capital síria, que, em
breve, seriam dados passos para a
retirada da Síria. Mas Moussa não
disse quais nem quando.
A Síria mantém cerca de 14 mil
soldados no Líbano, a maior parte
deles no vale do Bekaa. O número
é menos de um terço do total de
militares de Damasco que já estiveram em Beirute.
A ministra síria Buthaina Shaaban descreveu a morte de Hariri
como "um horrível ato terrorista"
e criticou os que tentam usar o
ataque contra a Síria.
"A Síria sempre foi um parceiro
positivo e construtivo na região.
O que ocorre hoje é extremamente perigoso, e os EUA devem passar a enxergar a Síria como uma
parceira", acrescentou a ministra
em entrevista à rede CNN.
Com agências internacionais
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