São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2000


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VIAGEM HISTÓRICA
É a primeira visita de um pontífice ao país desde 1964; João Paulo 2º segue hoje para Belém
Papa visita Israel buscando reconciliação

Reuetrs
Papa toca solo israelense, entregue por três crianças, de origem judaica, católica e muçulmana


PAULO DANIEL FARAH
enviado especial a Amã e Jerusalém

O papa João Paulo 2º chegou ontem a Israel e voltou a repetir seu apelo por mais cooperação entre os habitantes da região.
No aeroporto, perto de Tel Aviv, o líder católico foi recebido pelo presidente de Israel, Ezer Weizman, e pelo premiê Ehud Barak. Três crianças, uma cristã, uma judia e uma muçulmana, entregaram-lhe solo local para que o papa o beijasse.
"Que a paz seja o presente de Deus para a terra que Ele escolheu como Sua", disse o papa em breve discurso, encerrado com a saudação hebraica "shalom" (paz).
Após as boas-vindas, o papa voou de helicóptero para Jerusalém, onde passou a noite.
Ao ir da Jordânia para Israel, sobrevoando áreas sob controle palestino, o papa enviou um telegrama para o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, falando de seu desejo de visitar Belém e pedindo a Deus que "abençoe o povo palestino e fortaleça em todos os povos do Oriente Médio a vontade de proporcionar uma paz justa e estável na região".
O papa normalmente envia telegramas aos chefes de Estado quando sobrevoa seus países, mas assessores disseram que não é comum ele enviar mensagens a um líder de um território que não é um Estado.
É a primeira visita de um papa a Israel desde 1964, quando Paulo 6º esteve no país. Na ocasião, o Vaticano ainda não tinha relações com o país.
Desde que foi eleito papa, em 1978, João Paulo 2º, 79, multiplicou os gestos simbólicos em relação aos judeus. Estabeleceu relações diplomáticas com Israel (em 1994) e publicou um documento sobre o Holocausto (em 1998).
No último dia 12, o papa pediu perdão a Deus por erros cometidos por "filhos" da Igreja Católica, incluindo discriminação contra judeus e outras minorias.
Hoje, o chefe da Igreja Católica visita a Igreja da Natividade e celebra uma missa em Belém (cidade onde Jesus Cristo nasceu, segundo a tradição), atualmente sob controle palestino. Em seguida, ele vai ao campo de refugiados de Dahaisheh.
Israel parece temer que a visita seja interpretada pelos palestinos como um reconhecimento por parte do Vaticano de que os refugiados (mais de 3,5 milhões) tenham o direito de voltar ao país.
No mês passado, a Autoridade Nacional Palestina e o Vaticano firmaram um acordo sobre a atuação da Igreja Católica e a preservação de igrejas em territórios palestinos. O texto também diz que qualquer declaração unilateral de Israel sobre o estatuto de Jerusalém, cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos, é "moral e legalmente inaceitável".


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