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AÇÃO UNILATERAL
Apesar da oposição dos EUA, tropas agem para inibir pressões de separatistas curdos
Turquia invade o norte do Iraque
DA REDAÇÃO
A Turquia decidiu ontem entrar com suas tropas no norte do
Iraque, apesar da oposição dos
EUA. Não há cronograma oficial
para a incursão, mas o movimento começou, com a entrada de
uma pequena vanguarda do Exército turco, anunciou Ancara.
A intenção é inibir eventuais
pressões separatistas dos curdos
que vivem na região e, segundo o
ministro das Relações Exteriores
da Turquia, Abdullah Gul, bloquear a entrada de refugiados iraquianos pela fronteira comum e
"evitar a atividade terrorista" .
Gul, que estava na Bélgica para
uma cúpula com a União Européia, afirmou ontem que nenhum
soldado turco havia entrado no
Iraque ainda. Entretanto autoridades militares em Ancara que
pediram anonimato afirmaram
que entre 1.000 e 1.500 soldados já
haviam cruzado a fronteira em
três pontos diferentes, e outros
5.000 devem seguir em breve. A
Turquia já tem um contingente
militar na região fronteiriça para
inibir ações separatistas curdas.
Os EUA desaprovam uma ação
unilateral turca por acreditarem
que eventuais confrontos entre
turcos e curdos possam prejudicar sua campanha militar, mas
ainda não descartaram o trabalho
conjunto posteriormente.
"Temos unidades especiais no
norte ligadas às forças curdas, e
avisamos o governo turco que nos
atrapalharia muito se eles entrassem em grande número", disse
ontem o secretário da Defesa dos
EUA, Donald Rumsfeld.
Os curdos iraquianos, que dominam três Províncias no norte
do Iraque desde 1991, alegam que
a Turquia tem interesse em seus
territórios. Em contrapartida, a
Turquia teme que, uma vez deposto Saddam Hussein, a reestruturação do Iraque inclua a criação
de um território curdo com prejuízo para o seu próprio território.
Os cerca de 25 milhões de curdos
que vivem nos dois países, bem
como no Irã e na Síria, reivindicam um território autônomo e os
conflitos na região são constantes.
A Turquia alega ainda a necessidade de proteger a minoria turcomana na região, culturalmente
mais próxima dos turcos do que
dos iraquianos. Os líderes turcomanos rechaçam essa proteção.
Espaço aéreo
Após uma conturbada negociação com o secretário de Estado
dos EUA, Colin Powell, a Turquia
concedeu incondicionalmente o
uso de seu espaço aéreo. O país
havia exigido antes o apoio norte-americano à entrada de suas tropas no Iraque, que foi negado.
Powell disse ontem que não vê
"necessidade para incursões turcas no norte do Iraque", mas que
prosseguem as negociações sobre
um plano humanitário no caso de
um conflito na fronteira.
Outro dilema na negociação teria surgido, segundo militares
turcos, porque o governo da Turquia queria ser notificado com
antecedência pelos norte-americanos sobre os tipos de avião que
passariam sobre o país, além de
suas missões e alvos.
Atrito
Mesmo resolvido, o impasse
piorou a situação diplomática entre os dois países. Além de resistir
na concessão de seu espaço aéreo,
a Turquia, aliada militar dos EUA
desde a década de 50, havia negado no início do mês, após votação
no Parlamento, o uso de suas bases militares aos EUA.
O governo norte-americano,
em contrapartida, retirou a oferta
de um pacote financeiro de bilhões de dólares e, segundo a Casa
Branca, não deve restituí-la mesmo após a cessão do espaço aéreo.
A decisão turca criou obstáculos
para a estratégia dos EUA, que só
conseguiram bases fronteiriças
para seus aviões e veículos no
Kuait. Com isso, os militares norte-americanos estão avançando
com rapidez pelo sul do Iraque,
mas atacam com intensidade
muito menor no norte. Os outros
países que fazem fronteira com o
Iraque pelo norte - Síria e Irã - são
contra a guerra.
Com agências internacionais
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