São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Líder do Irã desdenha de aceno dos EUA

Para aiatolá Ali Khamenei, palavras de Obama em mensagem de Ano-Novo não passaram de "slogan"

DA REUTERS

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, reagiu ontem com dureza à proposta de "um novo começo" na relação entre o seu país e os Estados Unidos, feita na véspera em mensagem de vídeo pelo presidente Barack Obama.
Em discurso na cidade de Meshed (nordeste) a uma multidão de milhares de pessoas que acompanhava sua fala aos gritos de "morte aos EUA", Khamenei disse que as propostas de mudança de Obama não passam de "slogan". "Se vocês [EUA] mudarem, nós mudaremos de atitude", completou.
Khamenei ressaltou que, apesar do tom conciliador da fala de Obama, "na mesma mensagem, ele acusa [o Irã] de apoiar o terrorismo, buscando armas nucleares".
O aiatolá também ironizou outra fala de Obama, de que estenderia a mão ao Irã caso o país abrisse seu punho -que constou de seu discurso de posse e foi reiterada depois, mas não foi repetida na mensagem que o americano gravou por ocasião do Ano-Novo iraniano. "Se a mão estendida estiver coberta por uma luva de veludo, mas por baixo dela a mão for feita de ferro, isso não significa nada de positivo", afirmou.
Para Khamenei, Obama não promoveu nenhuma mudança concreta em relação às políticas de seus antecessores. "Você descongelou recursos iranianos? Levantou as sanções opressivas? Abandonou seu apoio incondicional [a Israel]?", questionou.
A resistência de Khamenei pode ser o maior obstáculo à tentativa de reaproximação de Obama, já que ele permanecerá no comando do Irã independentemente de quem vença as eleições de junho. Os EUA têm a expectativa de que o atual presidente, o radical Mahmoud Ahmadinejad, que tentará a reeleição, seja substituído por um nome mais moderado.
A principal preocupação de Washington é com o programa nuclear iraniano, que a Casa Branca acredita ter como finalidade a produção de uma arma nuclear -o que Teerã nega. As sanções promovidas pelos EUA contra o Irã tem como principal objetivo o abandono desse programa. Mas Khamenei as tachou de contraproducentes.


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