São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Analistas enxergam resistências para adoção de doutrina comum na região

DO ENVIADO A SANTIAGO

Para analistas de defesa, a END (Estratégia Nacional de Defesa) enfrentará resistências fora do Brasil. Mais difícil será a consolidação de uma doutrina comum no âmbito do Conselho de Defesa Sul-Americano, esteja ela alicerçada ou não no modelo brasileiro.
"Não temos políticas de defesa convergentes, porque cada país trabalha em função de interesses específicos. As estratégias são assimétricas e competitivas", afirmou o diretor do Cetris (Centro de Tecnologia, Relações Internacionais e Segurança), Salvador Ghelfi Raza.
Diretor da Escola Politécnica de Defesa da Universidade Andrés Bello, o chileno Hugo Faúndez aposta que o Brasil vai influenciar os demais.
"Em virtude de seu tamanho, economia e influência, é natural que [o governo brasileiro] oriente uma eventual doutrina sul-americana que seja funcional aos interesses brasileiros", avaliou ele.
Faúndez comentou que o Ministério da Defesa chileno está concentrando poder. As Forças Armadas passaram a ser orientadas para atuar em conjunto e com unidades menores, mais bem equipadas e de alta mobilidade -assim como acontece atualmente no Brasil.
Para Faúndez, a predominância também se dará na produção militar. E Raza ressaltou que a aliança, sob o guarda-chuva brasileiro, reduzirá o custo geral de defesa.
"A longo prazo, isso é mais barato e evita o cenário crítico para o Brasil de ter que enfrentar múltiplas ameaças. Nós não temos como dar conta de mais de duas ameaças simultaneamente", afirmou o brasileiro.
O argentino Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudos para a Nova Maioria, acha que não será fácil convencer todos os vizinhos e critica o uso de militares em ações de segurança. "No caso argentino, a possibilidade de que as Forças Armadas participem na luta contra as drogas, como ocorre em alguns casos no Brasil, é algo totalmente rejeitado."
Fraga citou também, como elemento de resistência a uma doutrina comum, a divergência entre Venezuela e Colômbia em relação aos Estados Unidos. (CDS)


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