São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Le Pen quer "França para os franceses"

DA REDAÇÃO

O líder da extrema direita francesa Jean-Marie Le Pen, 73, tem sido uma peça fixa na cena política de seu país há décadas, se colocando contra os imigrantes e pregando uma França francesa.
Alvo de acusações de racismo e de anti-semitismo, o líder do partido anti-imigrantes Frente Nacional exerce considerável influência sobre a extrema direita francesa.
Ontem, ele furou o establishment político francês, ao conseguir um lugar no segundo turno das eleições presidenciais daqui a duas semanas, deixando para trás o premiê socialista e candidato à Presidência, Lionel Jospin.
Le Pen enfrentará o atual presidente Jacques Chirac em uma batalha da extrema direita contra a direita moderada. Barulhento, em alguns momentos estrondoso, Le Pen pregou uma mensagem política de "franceses primeiro", excluindo os imigrantes.
Na sua quarta tentativa de se eleger presidente, Le Pen também capitalizou muitos eleitores com seu discurso de lei e ordem em um momento em que os franceses se sentem ameaçados pela violência. Enquanto a esquerda uivava de amargura, o líder direitista recebeu a notícia de seu segundo lugar com certa indiferença.
"Não me surpreendi", disse Le Pen para uma rede de TV francesa logo após as projeções serem anunciadas.
Ex-pára-quedista que participou das guerras da Indochina e da Argélia, Le Pen faz uso de um discurso que atrai o apoio dos eleitores temerosos de que a identidade francesa -e os franceses propriamente ditos- seja substituída pela onda de imigrantes muçulmanos oriundos principalmente do norte da África.
Le Pen costuma comparar a imigração a uma invasão, e acusa os estrangeiros de serem culpados pelo aumento do desemprego e da violência urbana -principais temas da campanha eleitoral. Ele afirma que diz o que os outros pensam reservadamente.
O discurso do líder direitista claramente representa uma corrente da vida francesa, mesmo se levando em conta que ele amenizou um pouco suas posições nessas eleições, deixando de pedir a expulsão dos imigrantes.
Ao longo de sua carreira, Le Pen recebeu várias acusações de racismo, tendo feito diversas vezes declarações sobre os judeus e o Holocausto que foram criticadas. Segundo ele, as câmaras de gás nazistas "foram apenas um detalhe da Segunda Guerra". Apesar disso, Le Pen nega ser anti-semita.
Philippe Mechet, ex-diretor do instituto de pesquisas Sofres, disse recentemente que um em cada quatro franceses já votou alguma vez em Le Pen ou no seu partido.
Chirac certa vez afirmou que Le Pen "é perigoso para a unidade nacional e para a paz". Negociar com o líder direitista sempre foi considerado um escândalo dentro da política francesa.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Jospin anuncia que vai deixar a vida política
Próximo Texto: Abstenção pode ter recorde histórico
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.