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Le Pen quer "França para os franceses"
DA REDAÇÃO
O líder da extrema direita francesa Jean-Marie Le Pen, 73, tem
sido uma peça fixa na cena política de seu país há décadas, se colocando contra os imigrantes e pregando uma França francesa.
Alvo de acusações de racismo e
de anti-semitismo, o líder do partido anti-imigrantes Frente Nacional exerce considerável influência sobre a extrema direita
francesa.
Ontem, ele furou o establishment político francês, ao conseguir um lugar no segundo turno
das eleições presidenciais daqui a
duas semanas, deixando para trás
o premiê socialista e candidato à
Presidência, Lionel Jospin.
Le Pen enfrentará o atual presidente Jacques Chirac em uma batalha da extrema direita contra a
direita moderada. Barulhento, em
alguns momentos estrondoso, Le
Pen pregou uma mensagem política de "franceses primeiro", excluindo os imigrantes.
Na sua quarta tentativa de se
eleger presidente, Le Pen também
capitalizou muitos eleitores com
seu discurso de lei e ordem em
um momento em que os franceses se sentem ameaçados pela violência. Enquanto a esquerda uivava de amargura, o líder direitista
recebeu a notícia de seu segundo
lugar com certa indiferença.
"Não me surpreendi", disse Le
Pen para uma rede de TV francesa
logo após as projeções serem
anunciadas.
Ex-pára-quedista que participou das guerras da Indochina e da
Argélia, Le Pen faz uso de um discurso que atrai o apoio dos eleitores temerosos de que a identidade
francesa -e os franceses propriamente ditos- seja substituída
pela onda de imigrantes muçulmanos oriundos principalmente
do norte da África.
Le Pen costuma comparar a
imigração a uma invasão, e acusa
os estrangeiros de serem culpados
pelo aumento do desemprego e
da violência urbana -principais
temas da campanha eleitoral. Ele
afirma que diz o que os outros
pensam reservadamente.
O discurso do líder direitista
claramente representa uma corrente da vida francesa, mesmo se
levando em conta que ele amenizou um pouco suas posições nessas eleições, deixando de pedir a
expulsão dos imigrantes.
Ao longo de sua carreira, Le Pen
recebeu várias acusações de racismo, tendo feito diversas vezes declarações sobre os judeus e o Holocausto que foram criticadas. Segundo ele, as câmaras de gás nazistas "foram apenas um detalhe
da Segunda Guerra". Apesar disso, Le Pen nega ser anti-semita.
Philippe Mechet, ex-diretor do
instituto de pesquisas Sofres, disse recentemente que um em cada
quatro franceses já votou alguma
vez em Le Pen ou no seu partido.
Chirac certa vez afirmou que Le
Pen "é perigoso para a unidade
nacional e para a paz". Negociar
com o líder direitista sempre foi
considerado um escândalo dentro da política francesa.
Com agências internacionais
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