São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 2002

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Abstenção pode ter recorde histórico

DE PARIS

A abstenção nas eleições francesas bateu seu recorde histórico. Segundo pesquisas de opinião, entre 28% e 28,9% dos 40 milhões de eleitores do país deixaram de participar do sufrágio. O voto na França não é obrigatório.
Até agora, o índice mais baixo de abstenção havia sido atingido em 1969, com 22,4%. A ausência dos franceses num primeiro turno de eleições presidenciais tem crescido. Nas eleições anteriores, em 1995, o índice chegara a 21,6%. Pesquisas apontavam que as abstenções mais os votos nulos ou brancos chegariam a 31%.
Na Bolsa de Comércio, perto do Louvre, ponto de votação do 1º "arrondissement" (bairro), em Paris, eleitores afirmaram que decidiram votar para conter Le Pen.
"Vim votar porque não quero ver a extrema direita no poder", disse Rafael (ele não quis dar o sobrenome), 19, estudante de matemática. É a primeira vez que ele vota para presidente. Na sua opinião, o crescimento da abstenção se deve sobretudo aos jovens. "Eles não estão se importando, para eles todos os homens políticos são iguais", afirmou à Folha.
O belo hall da Bolsa do Comércio estava quase vazio. O eleitor ia até a mesa e tinha diante de si 16 cartões com os nomes dos candidatos. Foi o maior número de concorrentes já visto no país. Ele apanhava a célula com o nome em votaria ou mais de uma, caso queira decidir na cabine. Ali, colocava o voto num envelope azulado e o depositava na urna.
O método é antiquado. A França ainda discute a adoção do voto eletrônico. Se o eleitor apanha apenas um cartão na mesa, o mesário pode perceber para quem ele irá votar. Segundo o mesário Frederic, 29, a abstenção na Bolsa do Comércio não é tão perceptível. "Meus colegas disseram que não está muito diferente de outros anos, mas deve ser a maior de todos os tempos".
Para o aposentado Robert, 67, o primeiro turno é uma forma de cada um escolher o que corresponde à sua opinião, ao desejo pessoal. "No segundo turno, o voto é mais político, e a abstenção pode diminuir", afirmou. Ele disse que não tinha receio da extrema direita chegar ao poder. "A ideologia deles está ultrapassada", observou. Ele ainda não conhecia os resultados das pesquisas de boca-de-urna, que só começaram a ser divulgados depois das 20h.



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