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Abstenção pode ter recorde histórico
DE PARIS
A abstenção nas eleições francesas bateu seu recorde histórico.
Segundo pesquisas de opinião,
entre 28% e 28,9% dos 40 milhões
de eleitores do país deixaram de
participar do sufrágio. O voto na
França não é obrigatório.
Até agora, o índice mais baixo
de abstenção havia sido atingido
em 1969, com 22,4%. A ausência
dos franceses num primeiro turno de eleições presidenciais tem
crescido. Nas eleições anteriores,
em 1995, o índice chegara a 21,6%.
Pesquisas apontavam que as abstenções mais os votos nulos ou
brancos chegariam a 31%.
Na Bolsa de Comércio, perto do
Louvre, ponto de votação do 1º
"arrondissement" (bairro), em
Paris, eleitores afirmaram que decidiram votar para conter Le Pen.
"Vim votar porque não quero
ver a extrema direita no poder",
disse Rafael (ele não quis dar o sobrenome), 19, estudante de matemática. É a primeira vez que ele
vota para presidente. Na sua opinião, o crescimento da abstenção
se deve sobretudo aos jovens.
"Eles não estão se importando,
para eles todos os homens políticos são iguais", afirmou à Folha.
O belo hall da Bolsa do Comércio estava quase vazio. O eleitor ia
até a mesa e tinha diante de si 16
cartões com os nomes dos candidatos. Foi o maior número de
concorrentes já visto no país. Ele
apanhava a célula com o nome
em votaria ou mais de uma, caso
queira decidir na cabine. Ali, colocava o voto num envelope azulado e o depositava na urna.
O método é antiquado. A França ainda discute a adoção do voto
eletrônico. Se o eleitor apanha
apenas um cartão na mesa, o mesário pode perceber para quem
ele irá votar. Segundo o mesário
Frederic, 29, a abstenção na Bolsa
do Comércio não é tão perceptível. "Meus colegas disseram que
não está muito diferente de outros anos, mas deve ser a maior de
todos os tempos".
Para o aposentado Robert, 67, o
primeiro turno é uma forma de
cada um escolher o que corresponde à sua opinião, ao desejo
pessoal. "No segundo turno, o voto é mais político, e a abstenção
pode diminuir", afirmou. Ele disse que não tinha receio da extrema direita chegar ao poder. "A
ideologia deles está ultrapassada",
observou. Ele ainda não conhecia
os resultados das pesquisas de boca-de-urna, que só começaram a
ser divulgados depois das 20h.
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