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Premiê perdeu espaço para esquerda radical
DO "LE MONDE"
A esquerda francesa não estará
presente no segundo turno apesar
de uma votação honrada do conjunto de seus componentes.
Nessa eleição, paradoxal em todos os aspectos, a esquerda, tendo
uma votação melhor do que em
1995, conseguiu ser eliminada do
segundo turno.
Com pouco mais de 40% dos
votos válidos, de acordo com as
pesquisas de boca-de-urna, o
conjunto da esquerda obteve uma
votação superior, em três pontos
percentuais, à que havia obtido
em 1995 e inferior, apenas em três
pontos, à que havia obtido em
1981 e 1988, anos em que François
Miterrand ganhou.
O maior fracasso da esquerda
nesta eleição reside antes de tudo
no recuo bastante forte da esquerda plural, sancionado depois de
cinco anos de governo.
A coalizão plural que havia ganho as eleições legislativas de 1997
com 39% reúne hoje, com os candidatos que a compõem (Robert
Hue, Noël Mamère, Lionel Jospin,
Christiane Taubira), apenas 27%.
No seio dessa coalizão, cada um
dos porta-bandeiras das correntes da maioria plural sofreu um
sensível revés.
Líder da esquerda socialista desde sua boa votação em 1995 e animador da maioria plural desde
sua vitória em 1997, Lionel Jospin
registra neste primeiro turno um
fracasso pessoal que é igualmente
o de toda a corrente socialista.
Com aproximadamente 15,9%
dos votos, o candidato do PS registra o pior desempenho de seu
partido em eleições presidenciais.
A erosão do PS verificada desde
1988 se amplificou (Miterrand em
1981: 25,8%; Miterrand em 1988:
34,4%; Jospin em 1995: 23,3%) e
se agrava por um revés pessoal.
Lionel Jospin perdeu cerca de
sete pontos em relação a sua votação na última eleição presidencial.
Atingindo apenas as classes média e superior, Jospin cedeu o espaço dos jovens e das classes populares para a esquerda radical.
Enfim, as inflexões de seu posicionamento político durante a
campanha -do candidato cujo
projeto "não era socialista" ao da
"esquerda real"- não permitiram deter a hemorragia para outros candidatos de esquerda.
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