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EUA planejam mudar economia do Oriente Médio
EDWARD ALDEN
DO ""FINANCIAL TIMES"
Quase 2.000 pessoas, incluindo
o secretário norte-americano de
Estado, Colin Powell, se reúnem
na Jordânia neste fim de semana
para uma conferência sobre o
Oriente Médio que vai focalizar a
política ""pequena" da reforma
econômica, em lugar da alta política da guerra e da paz.
Se não for obstruído pela violência contínua em Israel e na faixa de Gaza, esse encontro extraordinário do Fórum Econômico
Mundial vai lançar luz sobre uma
iniciativa dos EUA que não é menos radical do que a mudança do
regime iraquiano ou o cambaleante plano americano de paz entre Israel e palestinos.
Os Estados Unidos esperam poder utilizar uma combinação de
persuasão moral e assistência externa direcionada para fomentar
uma revolução democrática capitalista numa região ainda dominada por autocracias e economias
petrolíferas lideradas pelo Estado.
A força motriz por trás da parceria é Elizabeth Cheney, a filha de
36 anos do vice-presidente americano, Dick Cheney. Sua indicação
para o cargo de subsecretária-assistente de Estado para o Oriente
Médio, em março de 2002, provocou espanto em alguns setores,
mas mesmo seus adversários dizem que ela pode ser a melhor
pessoa para liderar a visão do presidente dos EUA, George W.
Bush, de remodelar o Oriente Médio à imagem da América.
Judith Barnett, que ocupou o
mesmo cargo na administração
Clinton, descreve Elizabeth Cheney como ""brilhante" e diz: ""Ela é
sem dúvida alguma a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa".
Cheney chegou ao cargo com
pouca experiência, que incluía o
Departamento de Estado e o Banco Mundial, mas com um histórico de interesse por questões ligadas ao desenvolvimento.
Nas guerras burocráticas de
Washington, Elizabeth Cheney já
conseguiu aumentar o financiamento da Parceria EUA-Oriente
Médio de US$ 29 milhões, no ano
passado, para US$ 100 milhões
neste ano, tendo solicitado aumento dessa verba para US$ 145
milhões no ano que vem.
""O que estamos fazendo é realmente muito novo e importante.
É a primeira vez que os EUA assumem um compromisso de tal natureza e grau com estas questões
de reforma econômica e política
no Oriente Médio", disse ela.
A iniciativa envolve passos
enormes, tais como o chamado
feito por Bush, em maio, pela adoção, até 2013, de um acordo de livre comércio dos EUA com a região. Para isso é preciso convencer algumas das economias mais
fortemente protegidas do mundo
a abrir-se à concorrência e aos investimentos internacionais.
Elizabeth Cheney volta sua
atenção a uma série de passos menores que, os EUA esperam, ajudarão a impelir a região no sentido da abertura econômica e da
democracia política. Um dos que
ela mais aprecia é o aumento do
papel político das mulheres. Em
2002, ela presidiu uma conferência realizada em Washington para
ajudar a fornecer recursos a candidatas do sexo feminino na meia
dúzia de países da região que autorizam a candidatura de mulheres para cargos eletivos.
Outra prioridade é a reforma legal. Pesquisa feita com empresas
árabes em 2000 constatou que sistemas legais fracos que não prevêem meios de obrigar a aplicação de contratos são vistos como
o maior obstáculo aos negócios.
Para incentivar essas iniciativas,
os EUA vão rever seus programas
de assistência à região, começando com o maior deles -o do Egito, que recebe US$ 600 milhões
por ano em apoio econômico direto. Washington quer aumentar
o apoio que presta às pequenas
empresas por meio de microcrédito, do lançamento de projetos
educacionais que promovam um
currículo fora do fundamentalismo islâmico e do apoio a programas de alfabetização de meninas.
Os céticos dizem que, ao impulsionar reformas tão abrangentes
em países tradicionais, os EUA
podem suscitar expectativas que
podem ter resultado contrário se
Washington não conseguir cumprir o que promete.
Cheney tem consciência da crítica segundo a qual os EUA estão
tentando impor seu modelo próprio à região. ""Não se trata de impor o modelo americano. Cada
país terá de descobrir o que funciona melhor para ele", disse ela.
""Trata-se de buscar maneiras nas
quais os EUA possam dar apoio
àqueles na região que estão tomando as decisões difíceis exigidas para que se possa empreender
as reformas necessárias."
Tradução de Clara Allain
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