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ÁSIA
Presidente Wahid é convocado a depor amanhã, mas afirma que não irá e que seus simpatizantes podem tomar as ruas
Indonésia inicia processo de impeachment
DA REDAÇÃO
A Assembléia Consultiva do
Povo (MPR) iniciou ontem em Jacarta o processo de impeachment
do presidente da Indonésia, Abdurrahman Wahid, 60, e o convocou para depor amanhã para responder a acusações de corrupção
e incompetência.
Wahid, que tomou posse em
outubro de 1999, disse que não irá
comparecer, e uma aliada afirmou que o presidente pode declarar estado de emergência no país.
A medida lhe permitiria dissolver
a Assembléia, impedir o processo
de impeachment e convocar eleições. Questionado se pretendia
renunciar à Presidência, Wahid
foi categórico: "Não".
O primeiro presidente do país
eleito democraticamente havia
afirmado antes que seus milhões
de seguidores podem tomar as
ruas se a MPR o destituir. O mandato de Wahid é de cinco anos.
"Eu lhes asseguro que venho dizendo a multidões em toda parte:
"Por favor, não venham a Jacarta,
sou contra a violência" ", afirmou
Wahid em pronunciamento na
TV de seu palácio na capital, com
forte guarda policial. "Mas não
me culpem se a multidão tomar
conta de tudo sozinha", afirmou
Wahid, que antes de chegar à Presidência liderava o maior grupo
islâmico do mais populoso país
islâmico do mundo.
Mas Rachmawati Sukarnoputri,
aliada e amiga próxima do presidente, disse à imprensa que ele
pretende declarar o estado de
emergência em dois dias.
Amien Rais, o chefe da MPR e
um dos políticos mais poderosos
do país, que articulou a chegada
ao poder de Wahid, pediu ao seu
ex-aliado que renuncie para o seu
próprio bem. "Se ele sofrer o impeachment, poderá ser levado a
julgamento e ser responsabilizado pelo que fez durante seu governo", afirmou Rais. "Acho que as
pessoas o perdoarão e o país ficará agradecido se ele renunciar."
A crise política que vem paralisando há meses o quarto país
mais populoso do mundo (cerca
de 207 milhões de habitantes) gera temores de violência por parte
de milícias armadas que apóiam
Wahid. A sessão da MPR de ontem foi protegida por centenas de
policiais, arame farpado e dezenas de blindados. Mais de 40 mil
policiais e soldados foram convocados para reforçar a segurança
na capital. O país nunca teve uma
transição pacífica de poder.
A sessão da MPR para iniciar o
processo de impeachment estava
marcada para 1º de agosto, mas
foi adiantada por causa da irritação dos parlamentares com as
ameaças de decretação do estado
de emergência.
Alguns parlamentares sugeriram que a MPR poderia aprovar o
impeachment já amanhã se Wahid não comparecer para depor.
Os militares e a polícia, que têm 38
das 700 cadeiras da MPR, votaram a favor da convocação.
Os pedidos de impeachment foram causados por dois escândalos
financeiros supostamente envolvendo o presidente. Se ele for deposto, será substituído pela popular vice-presidente Megawati Sukarnoputri, filha do líder fundador da Indonésia, Sukarno.
Wahid está sendo responsabilizado pela oposição por não ter
realizado as reformas necessárias
para superar a crise econômica e
não conseguir conter as sangrentas disputas étnicas do país. A crise asiática atingiu a Indonésia em
1998 e contribuiu para a queda do
então ditador Suharto, que ficou
32 anos no poder. Ele deixou a
Presidência em meio à maior crise
econômica do país, após uma onda de protestos violentos.
Com agências internacionais
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