São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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Erros em ações aéreas dos EUA já mataram centenas no Afeganistão

DO "THE NEW YORK TIMES"

A ofensiva aérea dos Estados Unidos no Afeganistão, baseada em estratégias militares de alta tecnologia, produziram erros de alvos que resultaram na morte de centenas de civis afegãos.
Em 11 locais, em que foram revistos os ataques, a indicação do comando de guerra americano é de que cerca de 400 civis tenham perdido a vida devido a informações equivocadas. Os EUA sabiam do risco, mas preferiram partir para os ataques aéreos em vez de operações em terra, que seriam mais precisas.
As regiões que sofreram ataques aéreos vêm sendo analisadas há seis meses por grupos de direitos humanos, que acham que foi usada força excessiva.
A organização americana Global Exchange, que enviou equipes de investigação a várias cidades afegãs, diverge das estatísticas oficiais. Segundo ela, 812 civis já morreram em bombardeios, e esse número deve crescer quando seus integrantes reunirem dados de localidades mais remotas.
Dirigentes do Pentágono alegam que a estratégia de manter os ataques aéreos no Afeganistão visa reprimir forças remanescentes do Taleban e da Al Qaeda. No entanto, só neste mês, um ataque aéreo atingiu um vilarejo na Província de Oruzgan, deixando pelo menos 54 civis mortos.
Segundo um porta-voz do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, seu governo estima que menos de 500 civis tenham sido mortos. "Um número considerado baixo, levando em conta a dimensão da ofensiva militar no país", acrescentou.
Apesar da manifestação de apoio do presidente, lideres afegãos questionam a investida dos EUA. "Temos de aumentar o nosso papel de fiscalização. Eu vou rezar para que os americanos tenham sucesso em suas ofensivas, mas também não acho que devemos aceitar os seus erros", diz o chanceler Abdullah Abdullah.
O Pentágono argumenta que as informações obtidas por lideranças tribais nem sempre são precisas, por conta de décadas de guerra e de rivalidade entre as tribos.
Segundo alguns críticos do Pentágono, o que geralmente acontece é que as forças militares costumam atacar alvos sem saber realmente o que estão combatendo.
"Nós planejamos as ações e tomamos precauções para evitar ofensivas militares em áreas civis. Primeiro identificamos os alvos antes de iniciar qualquer ataque", diz o porta-voz do Comando Central dos Estados Unidos, coronel Ray Shepherd.
A ofensiva aérea no Afeganistão não é a primeira a provocar divergências do tipo. Depois de 78 dias de ataques aéreos na Iugoslávia, em 99, a ONG Human Rights Watch afirmou que pelo menos 500 civis foram mortos.


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