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FRAUDES DO CAPITAL
Empresa deve US$ 32 bilhões e controla a Embratel no Brasil; fraude financeira foi golpe final na tele
WorldCom pede maior concordata dos EUA
DA REDAÇÃO
A WorldCom pediu concordata
na noite de ontem a um tribunal
de Nova York. A insolvência da
gigante de telecomunicações desbanca a da Enron como a maior
concordata da história dos Estados Unidos. As duas empresas
também lideram a lista de fraudes
contábeis, que abalam as Bolsas.
A empresa espera evitar que
suas subsidiárias internacionais
sigam o mesmo destino da matriz. No Brasil, a WorldCom controla a Embratel, que também enfrenta dificuldades e crescentes
boatos de que seria vendida, embora as leis brasileiras por ora barrem o negócio. A empresa emprega 85.000 pessoas em 65 países.
A quebra da tele deve provocar
ainda mais estragos no mercado
financeiro. "Isso não vai ser uma
marola num lago. Vai ser um maremoto", avalia Jeff Kagan, analista de telecomunicações.
Em junho, a empresa havia dado início à segunda onda de revelações de escândalos financeiros
nos EUA. A série fora aberta pela
gigante de negócios com energia
Enron, no final de 2002.
A WorldCom opera ligações telefônicas de longa distância. Tem
como seus principais clientes a
Nasdaq, a AOL Time Warner, a
BP Amoco e o Departamento de
Defesa dos EUA (o Pentágono).
Fraude no balanço
A empresa deu o último passo
para a insolvência ao anunciar
que fraudou seus balanços em
cerca de US$ 3,85 bilhões, o que
levou as autoridades americanas a
abrirem processo criminal para
investigá-la. A fraude motivou
irado discurso do presidente dos
EUA, George W. Bush, e também
críticas contra o presidente, julgado incapaz de propor medidas
eficazes contra burlas contábeis.
O escândalo barrou as últimas
chances de a companhia obter um
empréstimo bancário de US$ 5 bilhões, necessário para rolar dívidas totais de US$ 32 bilhões.
Agora, a WorldCom espera que
os bancos JP Morgan Chase, Citigroup e a GE Capital consigam
empréstimos para evitar a sua falência -mas a empresa precisa
da autorização do juiz de sua concordata para obter o dinheiro.
Derrocada
Perto do auge da bolha especulativa nas Bolsas dos EUA, em
meados de 1999, o valor de mercado da WorldCom atingiu seu pico: US$ 120 bilhões. Na sexta-feira, a empresa valia US$ 280 milhões. Ainda em março, analistas
financeiros dos maiores bancos
de Wall Street recomendavam a
compra de ações da empresa, as
quais, estimavam, poderiam crescer até três vezes neste ano.
Os tormentos da empresa começaram a vir a público em abril,
quando seu fundador e principal
executivo por 19 anos, Bernard
"Bernie" Ebbers, foi obrigado a
renunciar depois do anúncio de
que ele havia obtido da companhia empréstimos pessoais de
US$ 400 milhões, mais que o valor
da empresa na sexta passada.
A seguir, Scott Sullivan, diretor
financeiro, e David Myers, o controlador da empresa, renunciaram logo depois da divulgação
das fraudes nos balanços, em junho. A empresa havia contabilizado despesas como investimentos,
o que permitiu a declaração de lucros quando na verdade o prejuízo fora de US$ 1,2 bilhões.
"Essa é uma situação em que todo mundo perde", diz Scott Cleland, presidente da Precursor
Group, uma empresa de pesquisa
em telecomunicações. "É como
um vírus que pega todo mundo.
Os fornecedores vão levar um golpe. Quem faz negócios com eles
vai levar um golpe. Um monte de
dívida podre terá de ser absorvida", diz o executivo.
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