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Simpatia da população pela BBC
também sofre desgaste com o caso
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A disputa da BBC com o governo em torno do dossiê sobre armas de destruição em massa e a
morte do cientista David Kelly,
que seria a fonte principal da reportagem que iniciou a briga, afetaram também a própria imagem
da rede de rádio e TV estatal.
Na pesquisa do instituto
YouGov, 35% disseram que sua
opinião em relação à BBC piorou,
e 55% disseram que não mudou.
Analistas ouvidos pela Folha
consideram que o dano, até agora,
foi maior para o governo, como
mostra a pesquisa. "Isso tudo foi
mais prejudicial ao governo do
que para a BBC", disse Steven
Barnett, especialista em mídia da
Universidade de Westminster.
Mas Barnett considera que muitas questões devem ser respondidas pela BBC, como, por exemplo,
"até que ponto Kelly era a única
fonte, até que ponto eles confiaram nas informações que ele deu
e até que ponto ele pode ter dito
mais a eles do que admitiu no comitê" do Parlamento. No depoimento, o cientista disse que não se
considerava a fonte principal da
reportagem da BBC, que dizia que
o governo tinha "tornado mais
sexy" as informações dos serviços
de inteligência sobre as armas de
destruição em massa do Iraque.
Para Peter Preston, colunista e
ex-editor do jornal "The Guardian" (entre 1975 e 1995), a estratégia do governo de atacar a BBC
por causa da reportagem está prejudicando Tony Blair, que estaria
melhor se "esquecesse" o assunto.
Ele argumenta que existe "muito afeto" da população em geral
pela BBC e que, historicamente,
quando qualquer governo no Reino Unido começa a querer intimidar a rede pública de rádio e TV,
acaba perdendo popularidade.
"A BBC é chamada, de forma
afetuosa, de "tia", é uma amiga",
disse Preston. A própria BBC tem
dado ampla cobertura ao caso,
mostrando críticas e avaliações
em seus programas. Preston considera que a rede "tem sido muito
boa" no relato dos fatos. "O site da
BBC me pediu um artigo, mas não
me perguntaram antes o que eu
pensava a respeito", contou.
Para outros especialistas, é melhor a postura de desafio que um
noticiário pró-governo ou morno. "O público está bem servido
por uma mídia agressiva", disse à
agência Reuters John Owen, professor da City University, em Londres. "É melhor do que o que está
acontecendo nos Estados Unidos,
por exemplo, onde políticos não
acham que tenham de prestar
contas, e a Casa Branca faz muralhas em torno dos jornalistas."
A BBC já começou a preparar
uma grande operação para limitar danos, segundo o jornal "Financial Times". Uma equipe de
graduados executivos e advogados da empresa está reunindo documentos, transcrições e fitas relacionadas ao dossiê e às razões
pelas quais a rede confiou em
Kelly como sua principal fonte
para as notícias. Segundo a própria BBC, o cientista foi a fonte de
três repórteres que divulgaram
informações semelhantes sobre o
suposto exagero sobre a ameaça
iraquiana em vários programas.
O jornal conta que executivos,
liderados pelo diretor-geral da rede, Greg Dyke, estão determinados a impedir que esse episódio
resulte em uma campanha para
reformar a empresa, o que poderia abalar mais a sua reputação.
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